Por Dr. Eneas Rocco*
Dispneia, é o nome técnico que utilizamos, para descrever a falta de ar ou falta de fôlego. À semelhança da dor, abordada nesta coluna semanas atrás, a falta de ar é também um sintoma muito comumente referido pelos pacientes em consulta.
As causas dessa queixa, a exemplo do que ocorre com a dor, são bastante variadas. A dispneia pode aparecer como consequência de problemas orgânicos de saúde, mas também em decorrência dos transtornos de ansiedade.
As causas físicas mais comuns da dispneia, são as doenças pulmonares como o enfisema e a asma, e as doenças cardíacas, em especial a insuficiência cardíaca.
Em geral, a falta de ar é acompanhada de aumento na frequência respiratória, ou seja, de uma aceleração na respiração. Em pacientes com doenças pulmonares, essa respiração mais rápida, surge em conjunto com dificuldades para expelir o ar dos pulmões, obrigando os pacientes a fazer um esforço desproporcional para expirar. Além disso, podem ocorrer ruídos pulmonares chamados sibilos, muito comuns nas crises de asma brônquica.
A falta de ar que surge em portadores de insuficiência cardíaca, também pode ter sua origem nos pulmões, que em função do aumento das pressões no interior das cavidades cardíacas, acumulam líquido no seu interior.
A falta de ar, quando oriunda de causas psicológicas, não é acompanhada de alterações no exame clínico e nem nos exames auxiliares de diagnóstico. Uma forma comum do sintoma, presente nesses casos, é de percepção de incapacidade para aprofundar e para completar a respiração.
Vários exames laboratoriais são utilizados no diagnóstico da dispneia, conforme suas características. Quando se apresenta de forma aguda, nas pneumonias por exemplo, um simples RX de tórax pode dar os elementos necessários para iniciar o tratamento. Outra causa de dispneia de início abrupto, é a embolia pulmonar, que por sua gravidade, impõe providências terapêuticas imediatas, e seu diagnóstico pode ser realizado através da tomografia das artérias pulmonares, além da gasometria, que é o estudo dos gases no sangue.
Em pacientes com falta de ar crônica, exames como a prova de função pulmonar, tomografia de tórax, entre outros, irão contribuir para esclarecer o diagnóstico, além de traçar uma perspectiva prognóstica a mais longo prazo.
A dispneia de origem cardíaca, pode ser identificada mediante os dados da história clínica e do exame físico, bem como dos inúmeros recursos de laboratório de que dispomos para estudar o coração, como o ecocardiograma, o teste ergométrico, a tomografia e a ressonância cardíaca.
O tratamento da dispneia sempre vai direcionar-se à doença que causa o seu aparecimento. E o grau de dispneia referido pelo paciente, sendo quantificado no início do tratamento, será um valioso instrumento de avaliação da sua melhora, à medida que o tratamento começar a apresentar seus resultados.
Como temos visto, em outras temáticas de saúde, as medidas terapêuticas devem vir sempre acompanhadas do combate aos fatores causais através de melhores hábitos de vida. Desta forma, iremos sempre mencionar a importância da dieta, do controle do peso, do abandono do vício, da higiene do sono, da melhora do estresse e principalmente, do comportamento mais ativo possível. Boa semana a todos!*Dr. Eneas Rocco (CREMESP 25643) é formado pela Faculdade de Medicina da PUC-SP – Campus Sorocaba, com especialização pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e Hospital Matarazzo de São Paulo.
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