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Saúde em Foco: Alimentação no tratamento oncológico

Por Mariana Ferrari*

O câncer é uma doença diversa, tanto pela localização, pelo subtipo, como pelo estadiamento. Os tratamentos envolvem desde cirurgias, quimioterapias, imunoterapias, radioterapia, combinações destes métodos. A alimentação e a nutrição podem ser impactadas desde o aparecimento da doença e tem grande importância durante e após o tratamento.

A desnutrição é comum no câncer, principalmente na doença avançada, em idosos ou pacientes com câncer de cabeça e pescoço, esôfago e estômago. Por outro lado, a obesidade está associada à probabilidade de cânceres de mama pós menopausa, intestino, esôfago, estômago, fígado e vesícula.

A presença do tumor causa alterações que podem levar à mudança do metabolismo, com maior gasto energético e de proteínas, uso da musculatura e gordura do corpo como fonte energética, redução do apetite, podendo levar a perda de peso e de massa muscular. Além disso, muitos tratamentos limitam a ingestão alimentar ou dificultam a absorção de nutrientes, trazem alterações no funcionamento intestinal, do paladar, náuseas e vômitos.

Durante o tratamento do câncer, apesar da necessidade de manter uma alimentação adequada, é comum que os pacientes apresentem dificuldades com a dieta, a perda de massa muscular e a desnutrição durante o tratamento aumentam os efeitos colaterais. A alimentação adequada pode auxiliar na manutenção da massa muscular e das funções do organismo. Além disso, a adequação da rotina alimentar, pode ajudar a contornar efeitos colaterais do tratamento.

Na presença das náuseas, adaptações indicadas são uma dieta fracionada, preferência por alimentos frescos e secos, uso de gelo, sorvetes, picolés, frutas ácidas, gengibre e preparações mais neutras e sem temperos fortes.

Pacientes inapetentes podem se beneficiar de uma alimentação complementada por suplementos específicos, preparações com maior concentração calórica e conteúdo protéico, como milk shakes, vitaminas, risotos, massas recheadas, polenta recheada ou escondidinhos, sorvetes, frutas secas, pastas de castanhas, creme de abacate, sucos de mais de uma fruta, açaí, entre outras opções.

A alteração de paladar pode ser contornada com o uso de frutas ricas em caldos, gelo, ervas aromáticas, alimentos com molhos e caldos, sucos, alimentos cítricos. Alterações do funcionamento intestinal podem ser manejados com ajuste na ingestão de líquidos, alimentos fonte de fibras, gorduras, entre outros componentes da dieta.

Ao término do tratamento, fatores comportamentais podem prevenir doenças crônicas e reduzir o risco de recorrência do câncer. Recomenda-se a manutenção de um peso saudável, dentro de hábitos como a prática de atividade física, dieta rica em vegetais, frutas, grãos integrais e proteínas magras. Devem ser evitadas as bebidas açucaradas, gorduras saturadas, alimentos industrializados.

Em todas as fases do tratamento do câncer, a alimentação pode contribuir, corrigindo deficiências, manejando sintomas, garantindo nutrientes adequados para manutenção das funções do organismo. O cuidado com a alimentação é aliado importante no tratamento, não deve ser desconsiderado e pode auxiliar o paciente a passar pelas diversas fases com mais conforto, equilíbrio e menos intercorrências.

*Mariana Ferrari é nutricionista do ambulatório de oncologia do Hospital BP Mirante em São Paulo.

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