Rios que abastecem Itu foram contaminados por fluoreto nos últimos dois anos

Ao menos três quatro córregos e rios que abastecem Itu foram contaminados por fluoreto entre os anos de 2023 e 2024. Uma contaminação também foi relatada pela Companhia Ituana de Saneamento (CIS), em 2025.

As informações estão em uma ação na Justiça movida pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (Mp-SP) contra a Companhia Brasileira do Alumínio (CBA), e suas operações na cidade de Alumínio, que seria a responsável pela contaminação.

A exposição crônica por meio da ingestão ou inalação de excesso de fluoreto, conforme a Cetesb, pode causar fluorose óssea. Ele também pode se acumular gradualmente nos ossos por vários anos e causar o aumento da densidade óssea, calcificação dos tendões e dos ligamentos e deformidades ósseas.

A ação do MP afirma que a CIS precisou realizar operações emergenciais para que a água contaminada não fosse distribuída para a população. A situação causou a interrupção parcial no abastecimento em pontos da cidade, em especial na região do Cidade Nova. Ao menos 60 mil pessoas são atendidas na região.

Durante as diligências, conforme o MP, apurou-se que a planta industrial da CBA se caracteriza como área contaminada com risco confirmado, dentre outros, em razão deste específico contaminante (fluoreto).

“O acesso ao procedimento administrativo em trâmite junto à Diretoria de Áreas Contaminadas da CETESB revela até o momento a incerteza da dimensão da degradação ambiental pela ação industrial na região ao longo dos anos e, principalmente, as medidas necessárias à reparação integral dos danos”, diz o promotor Marcelo Cassola, responsável pela ação movida pela Promotoria Regional do Meio Ambiente.

Ele ressalta que se confirmaram as detecções dos contaminantes nas imediações das Estações de Tratamento de Água Vitória Régia, em Sorocaba, onde também ocorreu contaminação, e Pirapitingui, em Itu, responsável pelo abastecimento da região do Cidade Nova.

Houve poluição nos córregos dos Granitos e Bugres, Ribeirão do Varjão e Rio Pirajibu. Em alguns casos, a contaminação era bem maior que o limite tolerável pela legislação, que é de  1,4 miligramas por litro. Uma das captações apontou que o nível de concentração estava acima de 95, ou 68 vezes o limite tolerável.

Em ao menos 13 ocasiões a CIS teve que interromper a captação em função do problema.

Com tudo isso, a Justiça determinou que a CBA suspenda imediatamente a contaminação, com multa de R$ 10 mil por dia em caso de descumprimento. Além disso, em caso de contaminação, a empresa deverá providenciar o “necessário para custear o abastecimento de água para as populações afetadas a cada episódio em que ultrapassados os parâmetros máximos de fluoreto e PH para fins de potabilidade”.

Responsabilidade Ambiental

Ao Jornal de Itu, a CBA diz que ainda não foi citada, mas “há 70 anos está comprometida com a responsabilidade ambiental e suas atividades são objeto de controle e fiscalização de autoridades competentes, conforme as regras vigentes.

A Companhia Ituana de Saneamento afirma que “a condição da água captada no Rio Pirajibu é monitorada diariamente pelos técnicos da CIS e na ocorrência de qualquer desconformidade dos parâmetros de potabilidade, ações são adotadas imediatamente, com comunicação aos órgãos fiscalizadores, como a CETESB, além de aviso de eventual intermitência à região atendida.”

A assessoria da autarquia explica ainda que “nos casos de anomalias do parâmetro flúor, a captação do Pirajibu é paralisada e o abastecimento passa a ser realizado apenas pelo manancial do São Miguel, o que implica na redução da captação, requerendo soluções alternativas, sendo necessária a utilização de caminhões-pipa em caso de desabastecimento da população.”
Explica ainda que o inquérito civil de 2023 resultou, em março de 2025, em uma Ação Civil Pública, inclusive com liminar concedida com uma série de exigências à CBA, como o ressarcimento de prejuízos acarretados à CIS, obrigação de despoluição do manancial, dentre outras implicações.

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