O professor de Economia da Tecnologia da TU Delft e da UFRJ
Caetano C. R. Penna fez uma excelente thread no Twitter que reproduzo aqui. É patético mesmo ver o nervosismo do mercado com o governo Lula (que ainda nem começou; é até pior porque essa histeria toda veio depois que ele discursou que quer acabar com a fome).
Dane-se o mercado! E isso vindo de alguém que tem algumas aplicações, mas que entende perfeitamente que, no seu lugar de privilégio, não deve ser prioridade de qualquer governo.
Eis a thread do Penna:
Fiz uma pequena pesquisa no acervo do
Globo Economia sobre como o “mercado” reagiu aos resultados do primeiro e segundo turnos nas eleições presidenciais de 2002. Segue o fio!
Na segunda-feira logo após o primeiro turno (7/10/2002), o Ibovespa caiu mais de 4% e o dólar subiu 3,3%. O Globo Economia ironizava a reação com alusão ao saudoso Tim Maia…
Após a vitória no segundo turno (27/10), um dos primeiros atos de Lula foi anunciar a secretaria de combate à fome, a prioridade em seu primeiro governo. Soa familiar?
Como “o mercado” reagiu? Com uma queda de 4,4% no Ibovespa e uma alta de 1,3% no dólar. Mais uma vez — ou originalmente — a “estabilização [dependia] de nomes”…
Detalhe: o então secretário do tesouro dos EUA destacava as aptidões psiquiátricas do “mercado”, que iria “analisar se o Lula não era maluco”! Será que ele era e ainda é?
Bom, parece que a avaliação clínica do mercado foi de que Lula não só não era maluco como também era muito bom para os investimentos. Da primeira semana pós-segundo turno de 2002 até o final de seu mandato, o Ibovespa valorizou módicos… 338%!
No mais, para reflexão sobre esse roteiro repetitivo e farsesco, termino com uma clássica citação de Michael Kalecki, da obra Aspectos políticos do pleno emprego. Será que o governo vai (re)aprender o truque para termos novamente pleno emprego?
Isso não tem a ver com o fio do Penna, mas vale lembrar como o Globo noticiou a criação do décimo-terceiro salário, em abril de 1962 (dica: o mercado não gostou!):