Hoje é o Dia do Trabalhador uma data comemorativa internacional, dedicada aos trabalhadores, celebrada anualmente no dia 1º de maio em quase todos os países do mundo, sendo feriado em muitos deles – como é o caso do Brasil. No contexto da pandemia de Covid-19, muitas áreas econômicas pararam. Porém, as chamadas essenciais não só prosseguiram as atividades plenamente, como viram o trabalho aumentar.
Operadores de caixa de supermercados, por exemplo, não pararam um minuto sequer em meio à pandemia. Enquanto muitas pessoas tinham de ficar em casa para sua segurança e de sua família, eles estavam ali, dia após dias, se expondo e vivendo inúmeros desafios.

Entre esses operadores de caixa está Pâmela Prado Sales, de 21 anos, que atua na área há um ano e sete meses, em um supermercado no Parque das Rosas. Ao Periscópio, ela comenta sobre os desafios. “Ser operadora de caixa em meio a tudo isso que estamos vivendo é desafiador, porque temos que lutar dia após dia, não podemos parar e procuramos sempre levar alegria, respeito e sempre tratar a todos com muita gentileza, da melhor forma possível”.
Pâmela, que também já trabalhou como empacotadora, acrescenta que está sendo muito difícil trabalhar em meio à pandemia. “A todo momento temos que ficar passando o álcool em gel. É muito difícil lidar com tudo isso”. Porém, a jovem destaca que “é um trabalho no qual a gente tem que procurar não ficar pensando na pandemia em si, nós temos que tomar nossas medidas de proteção, porém a gente tem que trabalhar não pensando no vírus a todo o momento”.
A operadora acredita que é necessário procurar fazer o seu melhor no trabalho e deixar os problemas para fora do ambiente profissional, “porque senão pode acabar atrapalhando e ocasionando medo, problemas psicológicos e na saúde”, diz.
“Eu vou trabalhar sem pensar muito no Covid, eu vou pensando na minha necessidade, que preciso trabalhar, que o único que pode nos proteger é Deus. Nós temos que ter uma mente sempre positiva, que estamos fazendo o correto para que isso não aconteça com a gente, logicamente, sempre tomando todos os cuidados, mas sem ser algo que paralise a gente”, reforça.
Pâmela, ao ser questionada sobre suas impressões sobre sua profissão, classifica que ser operadora de caixa “é muito bom, pois você acaba ‘pegando’ amizade com pessoas que nunca imaginou, você acaba conhecendo e tendo intimidade com pessoas com pessoas que nunca pensou em conhecer. É uma profissão muito boa principalmente para quem gosta de trabalhar com o público, que sabe lidar, entender o próximo”.
A jovem explica ainda que diariamente tem de lidar com vários tipos de clientes e o faz sempre com “muita simpatia, sempre procurando agradar a todos eles”, pois ela acredita que quando se respeita e se trata bem as pessoas, cria-se uma fidelização entre cliente e o supermercado.
Ao concluir, Pâmela deixa uma mensagem de positividade e fé. “Que nossos olhos venham a focar na oportunidade, na vida que temos naquele dia e não nas circunstâncias. Por mais que essas coisas estejam acontecendo, que não deixemos essas coisas pequenas se transformar em uma coisa enorme e paralisem nossos propósitos. Nós temos que entregar tudo nas mãos de Deus e confiar, pois ele é o único que pode nos proteger e nos livrar de todo o mal”.
Sentindo a dor do silêncio

Aos 63 anos e 15 de profissão, Nelson Carlos do Nascimento, o popular Abú, é uma pessoa bastante simples e extremamente dedicada ao seu trabalho. Ele é auxiliar de agente funerário e, na prática, é quem transporta os falecidos do velório municipal ao cemitério para o sepultamento.
Em um depoimento emocionado, ele fala que “são 15 anos trabalhando no Serviço Funerário e são tantos os sepultamentos, que eu procuro fazer de maneira profissional. Mas agora na pandemia está sendo muito doloroso você ver mães dizendo ‘eu nem sei se é meu filho dentro desse caixão’. Pedem para que eu abra por uma última vez antes de enterrar e eu não posso. É muito triste. Fica o caixão lacrado só com uma etiqueta em cima. É doloroso, é triste, mas é o meu serviço”.
Abú conta que nesta época o trabalho aumentou. “Eram três, quatro sepultamentos por dia, agora tem dia que chega a oito. E a maioria por Covid”, lamenta. Ele também diz que é obrigado a passar, algumas vezes, por uma situação delicada. “Infelizmente tem algumas pessoas que se emocionam pela perda e acabam nos tratando mal, não entendem que é o nosso trabalho. Se não podemos abrir o caixão, é pela segurança dos próprios familiares”.
Muitas pessoas não entendem que, por trás do profissional, há uma pessoa como todas. “A gente chega estressado em casa. Eu mesmo, no começo do ano passado, peguei Covid, fiquei em casa, meio assustado, mas graças a Deus me recuperei. Hoje nós trabalhamos tranquilos, com o diretor Edmilson Martins, estamos vacinados e protegidos da Covid e gripe. Mas cada dia é um dia, cada dia é uma emoção diferente”, finaliza.
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