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O sopro de novas mudanças …

Estamos experimentando muitas transformações em nossas vidas, novas tecnologias surgem a cada dia para facilitar a nossa rotina diária e também para nos aproximar das pessoas, dos lugares e até dos nossos objetos de consumo.

Em 2000,  usávamos celulares comuns, que apenas recebiam e faziam ligações e enviavam SMS.

Não existia Twitter, Facebook, Instagram ou Whatsapp, nada de virtual, muito menos Uber, Waze, iFood. As maquininhas de cartão eram analógicas, não conectavam via internet, que também era analógica, discada, não existia wi-fi ou internet móvel. Sem Spotify, Netflix nem YouTube, as pessoas ainda escutavam música em CD, que cabem em torno de 15 faixas por disco. Um álbum cada.

A TV de 22 polegadas, era de tubo, ligada  a uma anteninha que transmitia apenas os canais abertos, ou a uma antena parabólica, que não transmitia muitos canais a mais,  e as pessoas assistiam a programação que cada canal oferecia e no horário que eles escolhiam. Haviam locadoras de vídeo, onde era possível alugar o DVD de algum filme para assistir em casa.

Duas décadas  depois, em 2020, há novas tecnologias que vieram e que agora não conseguimos viver sem.

Embora haja tantas tecnologias disponíveis, nem todas as pessoas têm acesso a elas. No final de 2019, esse número era de  21,7% da população.

Por outro lado, vemos a diminuição do número de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza. Em 2000, eram 3 em cada 10. Em 1950 a cada 3 pessoas no mundo, 2 viviam na extrema pobreza. Isso mostra que em menos de 1 geração, mais de 1,1 bilhão de pessoas saíram da pobreza no mundo, segundo o Banco Mundial. Entre 1990 e 2015 o número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, ou seja, com U $1,9 ou R $7,9 por dia, caiu de 1,9 bilhão para 735 milhões. Isso significa que a parcela da população global considerada pobre, por essa definição, caiu mais de 10% no mesmo período.

Em 2000, 44% da humanidade não sabia ler ou escrever, hoje são mais de 750 milhões ou  5% da população mundial. Em países como o Iêmen ou Arábia Saudita, a escravidão ainda é legalizada. O tráfico de humanos continua sendo um problema internacional e conforme dados de 2013, cerca de 25 a 40 milhões de pessoas foram escravizadas, a maioria em países do continente asiático.

Embora novas tecnologias sejam criadas para o melhor desempenho e desenvolvimento da população, ainda temos quase 1 em cada 3 crianças no mundo que trabalham. Um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), mostra que o número de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, chegou a 160 milhões ao redor do mundo, um aumento de 8,4 milhões em 4 anos, de 2016 a 2020. Outro alerta é o número de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos em trabalhos perigosos, definido como trabalho que pode prejudicar sua saúde, segurança ou moral, chegou a 79 milhões, um aumento de 6,5 milhões entre 2016 e 2020.

Ao acompanharmos o surgimento de novas tecnologias,  aliadas à globalização, vemos uma parcela da população melhorando de vida embora, ainda haja mudanças significativas a serem feitas, a qualidade de vida de parte significativa da população tem melhorado. Mas, não podemos fechar os olhos diante de tantas situações que não deveriam estar acontecendo ao lado de tantos recursos que surgiram com o objetivo de melhorar as nossas vidas e não de denegrir ou inferiorizar parte da população.

 Milton Santos, um geógrafo brasileiro que foi considerado por muitos um grande pensador, dizia que a globalização é monstruosa e perversa.

Estamos começando um novo ano, então, nada melhor do que analisarmos tudo que temos feito e tudo o que estamos fazendo e pensar em novas estratégias que visem melhorar as nossas vidas e das pessoas ao nosso redor. É o que desejo para esse novo ano que começa.

Érica Gregorio, jornalista, estudante de Sociologia, escreve periodicamente no seu blog ericagregorio.com

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