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O alerta do filho do Alerta!

Meu pai, o professor Alerta escreveu durante um tempo uma coluninha nos jornais da cidade que se chamava “O alerta do Alerta” e que me inspirou sobre esse título.

Tem uma parte dos sentimentos da humanidade que me incomoda muito, mas muito mesmo: é a desumanidade. Você ser um ser humano e não ter humanidade, então não é um humano, concorda?

A aparente visão dos homens em querer o tempo todo TER e não SER é impactante.

O die em que eu ouvi o presidente da República dizer que o SUS era o melhor sistema de Saúde do mundo me revoltou, porém ele estava certo. Como? Realmente esse sistema seria quase infalível se fosse em um país que fosse uma nação, mas não aqui.

Por que resolvi escrever essa carta? Simplesmente por ter vivido uma experiência terrivelmente assustadora nos dias em que precisei acionar o MELHOR SISTEMA DE SAÚDE DO MUNDO.

Quando nossos regentes políticos passam por qualquer dificuldade física, eles nunca recorrem ao SUS. Aí você houve falar de Einstein, Sírio-Libanês, Osvaldo Cruz, Moinhos dos Ventos ou mesmo o Hospital das Clínicas.

O dia era 27 de junho do ano corrente. Tive então uma dor muito forte no abdômen, muito, muito forte. Eu estava trabalhando e pela tardinha começou uma dorzinha incômoda que pensei que um Buscopan resolveria. Tomei em 3 horas, 3 comprimidos e a dor só aumentava. Quando deu mais ou menos umas 2 horas da madrugada eu já estava rolando no chão de dor, minha esposa me levou para o UPA ali perto do cemitério.  Chegando lá quase desmaiei de dor a ponto de cair no chão e sentir os sentidos se apagarem.

Fui atendido urgentemente: raio x, ressonância e muito, muito remédio para dor, na veia. No UPA fui diagnosticado par ser operado urgentemente e fiquei esperado uma vaga em algum hospital da região, isso mesmo, da região e não aqui em Itu.

Até agora eu não descobri o nome desse problema que tive… Medicado e com bem menos dor, de ambulância fui levado até o hospital da Santa Casa. Chegando lá, minha esposa e eu fomos informados que não era problema para cirurgia e que não era necessário operar, que era apenas uma cólica renal.

Como tem muitos plantões e a troca de médicos é normal, fui atendido por um doutor, depois um outro foi ao meu quarto dizer que após a ressonância com contraste nada foi indicado de cirurgia, um terceiro que nem se quer olhou aos meus olhos me deu alta. Fui contente para casa, porém a situação iria piorar.

Com muitos remédios em meu organismo, o Tramal para ser mais específico, me aliviou a dor em muito. Quase de noite voltamos para casa. Minha esposa fez uma sopa. Comi rapidamente e senti que estava com um pouco de dor novamente. De madrugada a dor insuportavelmente forte voltou com muita intensidade. Minha esposa então novamente me levou para o UPA e então cheguei de arrasto literalmente. A demora para me atender foi absurda, lembrando que eu cheguei praticamente rastejando.

Essa demora fez com que minha esposa fosse reclamar e alguns enfermeiros acharam ruim pois tinham 3 pacientes na minha frente, minha esposa então disse a eles que entendia que tinham eles na frente, porém, nenhum deles chegou se arrastando já que todos estavam no celular.

Fui então atendido e esperei novamente para ser levado para ser operado. Pela segunda vez, fomos questionados sobre a cirurgia pelo médico que nos disse que não era para ser operado.

Minha esposa falou e teve que ouvir sobre decisões num hospital a serem tomadas. Por último o médico falou que para tirar a dúvida me pediu para fazer uma colonoscopia o que autorizei de imediato. 

Após o resultado e talvez para espanto do médico, fui enviado diretamente para a mesa de cirurgia o qual nem banho tomei, resultado: CIRURGIA URGENTE.

Como eu creio num Deus Onipresente, Onisciente e Onipotente, clamei a Ele para diminuir a dor.

Então o mesmo médico que nos disse duas vezes que não era motivo de operação e que o problema também não era de intestino, foi o mesmo que teve que me operar urgentemente, sendo que ele me disse que não acreditava no diagnóstico do UPA pois lá era uma entidade não confiável (???).

Após a cirurgia fui para um quarto. Nesse quarto fiquei por 6 dias. Minha esposa o tempo todo comigo e dormindo ou tentando descansar numa poltrona de courvin toda torta e rasgada. Ela não soube se podia ficar ali ou não, mas ficou todo o tempo para me acudir já que com tantos pacientes para serem atendidos e com tão poucos enfermeiros, o atendimento se atrasa para tudo e quando você precisa de um papagaio para urinar não se tem tempo de esperar, tem que ser na hora.

Nesse quarto durante 4 dias eu fiquei ao lado de um moço que não andava, porém gemia e tinha que ficar amarrado o tempo todo. Certo dia se defecou e passou fezes pela parede do quarto.

DURANTE QUATRO DIAS EU FIQUEI AO LADO dessa pessoa que não tem culpa de nada do que passei sendo apenas mais uma vítima do sistema de saúde.

Quando então um enfermeiro de bom coração falou para minha esposa procurar o responsável pela estadia dos pacientes. Após explicado toda situação, esse senhor nos providenciou a troca de quarto onde 2 dias pudemos ficar em paz até sair minha alta.

Nesses seis dias em que fique nesse hospital, comecei a observar o MELHOR SISTEMA DE SAÚDE DO MUNDO.

As janelas e portas não se fecham corretamente batem e provocam corrente de vento gelado; privadas sem tampas o que ao apertar a descarga a proliferação de bactérias aumentam; não existem travesseiros disponíveis; o pedestal em que se pendura os remédios para serem injetados na veia estão enferrujados e as rodas travadas o que para se ir ao banheiro ou caminhar tem que se tirar o acesso do catéter ou você o ergue para se  concluir a ida ao banheiro ou a caminhada diária; as macas elétrica não funcionam, maca elétrica tem que ser usada manualmente para que se possa mudar a posição desejada; o chuveiro do primeiro quarto que eu estava não esquentava e a corrente de ar gelada pelas janelas remendadas com fita crepe eram frias demais; não tem toalhas ou sabonete para se tomar banho, se não se esquecer de levar será uma grande vantagem para seu banho ser saudável; não sei informar se os quartos podem ou não ter televisores, mas lá não tinha em quarto algum o que seria bom, pois ficar num por muito tempo você se perde no tempo sem saber se é dia ou noite; os botões para se chamar os enfermeiros em caso de urgência também não funcionam; não são todos os enfermeiros que conseguem acertar sua veia para se colocar um acesso o que me ocasionou muitas lesões nos dois braços; a sonda que colocaram no meu canal da urina ao invés de desobstruir para a urina sair de maneira fácil, foi colocado de tal maneira que me machucou internamente e o que era para desobstruir, obstruiu a ponto de ter que desobstruí-lo novamente com uma sonda insuportável mais grossa; pensei comigo que agora eu não tenho um problema (que era evacuar) e sim dois já que no meio do caminho o carinho e a preocupação com meus órgão foram tantos que ficou entupido com sangue coagulado no canal da minha urina; entrei para uma cirurgia que não me deixava evacuar e agora também não conseguia urinar; após resolvido o problema da sonda comecei a urinar com muita queimação e dor, problema que poderia ser evitado se houvesse um pouco mais de humanidade e não apenas uma entrada de um ser para cirurgia ou um número qualquer para o sistema; como nem tudo foi somente maldade teve também umas poucas pessoas humanas que conheci lá que merecem ser comentadas pelo lado humano e bom dentro de um hospital de lugar frio e de pessoas frias.

O Enfermeiro W. que não sabia o que fazer para nos ajudar, assim como as enfermeiras S. e F. que também tinham um brilho no rosto pelo fato simplesmente de tratar bem a mim e minha esposa merecem todo o respeito nosso para com eles; o Dr. S. pessoa muito humilde, positivo e humano que nos visitou várias vezes para ver como estávamos assim como no meu retorno; um outro Dr. S. também merece destaque sobre ser humano no atendimento e que foi maravilhosamente humano comigo após 15 dias que se passaram da cirurgia me explicando e me tratando como gente dentro desse sistema frio; o café da manhã é muito fraco e o almoço e jantar muito saboroso com moças que nos entregavam as marmitas também sempre prontas.

O MELHOR SISTEMA DE SAÚDE DO MUNDO realmente poderia ser maravilhoso se funcionasse de forma coerente, humana, funcional.

Após ser dispensado da cirurgia no dia 27 de junho e ter voltado no dia 28, minha esposa explicou ao médico que me atendeu que eu já tinha um atestado no mês de junho e que se seria possível me dar um atestado para o dia 27 e 28 já que eu estive no hospital nesses dois dias e assim eu não seria tão prejudicado nos meus dias de trabalho, o que nos foi negado.

Saímos do hospital somente com o atestado de um dia, o do dia 27 apenas (quanta falta de humanidade) e após a urgência da minha cirurgia o Dr. S nos procurou e nos forneceu o que precisava (quanta humanidade).

Outra análise é sobre a ambulância. Nas duas vezes em que eu fui transferido para a Santa Casa eu fui de “carona”. Nas duas vezes tinha idosos na maca para serem transferido também. Percebi que urgência tem que ter prudência e sei que o motorista tem que ser rápido, porém será que é necessário frear bruscamente? A saída após as paradas nos semáforos é brusca, lombadas são quase imperceptíveis e para finalizar o que se tem dentro para ser transferido são vidas. No caso de dois idosos e a minha vida.

Agradeço de todo o coração ao Senhor meu Deus por estar vivo, já que se estou escrevendo essa carta é somente por Ele e segundamente agradeço ao MELHOR SISTEMA DE SAÚDE DO MUNDO que me atendeu da forma que se podia atender segundo a má vontade de alguns.

Num país onde se poderia ser o MELHOR PAÍS DO MUNDO não fosse a falta de prudência para com os outros, talvez isso tudo fosse apenas uma lenda urbana, história com os outros, mas não, foi real e comigo.

Agradeço aos MÉDICO E ENFERMEIROS HUMANOS que me atenderam como um ser humano e não somente como mais um na fila para ser atendido.

Aliocha de Souza Carvalho

Professor de História, Sociologia, Geografia e Pedagogo com muito orgulho

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Publicado em July 24, 2024.
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