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“Não sou benzedeira”, diz Iraídes, que atende cerca de 400 pessoas por mês

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Ela recebe seus atendidos em uma sala pequena e em cima da mesa tem uma bíblia aberta, assim como no quadro da parede. Um terço de contas de madeira é usado entre as mãos para passar sobre a cabeça das pessoas, na maioria crianças, que a procuram.

Em seguida, ela quase sempre indica algum chá ou remédio com ervas: camomila, limão, espinheira-santa, guiné, alecrim, hortelã, arruda, jataí, entre outros. Escreve a receita em um papel e indica aos assistidos.

“Com a pandemia, eu parei de atender para evitar aglomerações, estou esperando a vacina. Mas já cheguei a atender até 400 pessoas por mês. Antes, atendia o dia todo, agora só depois do almoço, mas o telefone não para”, conta ela.  Com o coronavírus, ela destaca que a procura aumentou. “Tem gente que acha que o dinheiro compra tudo e esquece da fé. A Fé em Deus é tudo!”  

Aos 75 anos, Iraides Sampaio Aranha Chimenez diz que já sente o cansaço de quem já faz oração desde os vinte. “Desde pequena, eu via luzes, coisas assim, mas eu não entendia o que era. Até que fiquei doente e fui até que minha sogra, D. Inocência, me levou ao Centro Espírita André Luiz, do seu Juvenal, no Parque Industrial. Lá, eu fui curada e me falaram que eu também tinha esse dom”, relembra. “Não tem como ensinar ninguém, cada um recebe isso”.  Junto com a sogra e com mais uma amiga que “também tinha o entendimento”, começaram a atender no bairro Liberdade.

Ela, inclusive, já teve um centro espírita. “Era no Rancho Grande: Índio Camacan, todo mundo lembra, dei muita festa de São Cosme e São Damião. A gente atendia toda terça-feira, tinha que distribuir senha. Mas depois eu passei por uma cirurgia muito delicada, quase morri, e parei com tudo.” O título de benzedeira, porém, é renegado por ela. “Eu sou Católica Apostólica Romana, casei duas vezes na igreja. Se a entidade me quer é assim, católica. O que eu faço não é benzimento, é oração. Eu uso o terço e rezo pela pessoa”. E as ervas? “Na oração, vem pra mim o que a pessoa precisa. É tudo de Deus, as ervas são da natureza e a natureza é Deus”.

Lembra que trabalhou na Escola Santo Inácio e também como cuidadora de idosos. Cuidou também dos companheiros: o primeiro, Mário de Brito Filho, pai dos seus três filhos, Tania, Edson e Setembrino, faleceu vítima do vicio do alcoolismo; com o segundo Ramon Duarte Chimenez ficou casada durante 15 anos e também ficou viúva. Há nove anos tem um outro companheiro, Roberto Ricci. “O meu dom é cuidar das pessoas”, diz.

O principal público é crianças. “Tem crianças que vai em vários médicos, mas tem coisas que a medicina não cura, tem que ser oração. Hoje mesmo vai vir uma que tinha muita dor na barriga, chorava. Agora já está normal.”

Não recebe pelo atendimento, mas pede itens de cesta básica para doar para um casal que faz sopão para pessoas carentes. Para ter forças nos atendimentos, ela ressalta que reza cinco terços e lê a Bíblia diariamente. “A gente precisa estar preenchido por dentro para dar conta…”

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