
O Ministério da Saúde (MS) está há oito meses sem distribuir o inseticida Malathion, usado no combate ao mosquito Aedes aegypti, causador da dengue, Zika e Chikungunya. A Secretaria da Saúde (SES) de Sorocaba informou que a falta do inseticida é uma situação nacional e recebeu do MS a previsão de reposição do produto para fevereiro. Entre 2019 e este ano foram confirmados 1.096 casos de dengue na cidade e desse total, 20 foram na primeira quinzena deste mês de janeiro.
Em nota, o MS informou que “inicia nos próximos dias a distribuição de 139 mil litros do Malathion para todos os estados do país”. Esse quantitativo, segundo o Governo Federal, é superior ao que já foi liberado em períodos críticos, como em 2016, quando foi enviado nacionalmente 121 mil litros. A pasta não informou o motivo do atraso e nem se apresentou alguma solução paliativa no período.
De acordo com a SES, o inseticida Malathion é utilizado para eliminar a fase adulta do mosquito, por meio da nebulização com equipamento acoplado a veículo, o famoso “carro fumacê”. “O veneno é usado somente em ações ao redor de casos positivos de dengue e aglomerados de casos, respectivamente. Sem o veneno, não é possível eliminar as fêmeas infectadas com o vírus, então temos que evitar que o mosquito nasça, e neste período de chuvas e calor intenso, a infestação do vetor aumenta consideravelmente”, divulgou a pasta municipal.
No primeiro semestre de 2019 a secretaria informou que foi realizada a “nebulização veicular” nos locais com aglomerados de casos. O trabalho consiste na aplicação de veneno por meio de máquina embarcada em caminhonete, antigamente conhecida como “fumacê”. Os bairros que receberam este tipo de nebulização foram o Central Parque; Nova Sorocaba; Jd. Los Ângeles; Jd. Edgard Marques; Nova Esperança, Altos do Itavuvu e Éden. Atualmente, este serviço não está sendo feito em Sorocaba, já que a cidade aguarda a normalização do repasse do inseticida por parte do MS.
Para enfrentar a escassez do inseticida, a SES afirma que tem intensificado os trabalhos como ações de bloqueios aos sábados, além da contratação de um terceiro caminhão para realizar a remoção de criadouros do mosquito pela cidade.

Remoção de criadouros
A Divisão de Zoonoses removeu mais de 585 mil quilos (kg) de criadouros do Aedes no ano de 2019. Em comparação com o ano de 2018, houve um aumento na retirada desses materiais em mais de 62 toneladas. Em 2018, a remoção total foi de 523.280 kg. A superioridade nas ações de combate ao mosquito também refletiu, segundo a SES, no número de visitas nas residências pelos agentes da Zoonoses. Somente no ano de 2019, 551.138 visitas foram realizadas. O número também supera as visitas do ano retrasado. Em 2018 foram efetuadas 408.256 fiscalizações. Uma diferença de 142.882 entre os anos.
Alternativas
Questionada sobre a possibilidade de uma compra emergencial do inseticida feita pelo município, a Divisão de Zoonoses informou que solicitou uma análise jurídica para verificar a legalidade, porém o MS encontrou lotes do veneno Malathion que não passaram em testes de qualidade.
Outro substituto seria o veneno Cielo, que é mais moderno, mas ainda depende de validações dos órgãos de saúde por tratar-se de um produto importado. Já a terceira saída seria usar um veneno da ordem dos piretóides, que era usado anteriormente no país, porém o Aedes teria desenvolvido resistência e ele e seu uso é desestimulado pelo MS. “No momento atual, apesar dos diversos esforços para combater o mosquito, a Prefeitura de Sorocaba ainda aguarda uma solução do Ministério da Saúde sobre o veneno”, finalizou.
Casos de arboviroses
Dos quase 2 mil casos de dengue confirmados na cidade (925 são autóctones, 118 importados e 53 indeterminados), um resultou na morte de uma mulher de 54 anos, em junho de 2019. O Aedes aegypti também ocasionou 88 casos de Chikungunya, todos confirmados no ano passado. Já a Zika não fez nenhuma vítima na cidade entre 2019 e 2020, enquanto a Febre Amarela teve um caso confirmado no ano passado e há atualmente dois em investigação.
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