A falsificação de bebidas destiladas já vinha sendo um problema crescente no Brasil. A partir de setembro, entretanto, com as primeiras notícias de falecimentos por possível contaminação do metanol, a questão veio à tona com mais urgência, expondo os riscos e prejuízos que o mercado ilegal causa tanto para a saúde pública quanto para a economia.
Comercialmente, o impacto está sendo grande, com a queda de consumo das chamadas bebidas quentes – destiladas – em clubes, restaurantes, bares e supermercados. Já as bebidas frias – cervejas e refrigerantes, entre outras – seguem de forma normal.
O problema atinge todo o Brasil, mas principalmente o Estado de São Paulo, capital e interior, onde se registra a maior queda nas vendas e consumo de bebidas.
O Periscópio manteve contato com alguns estabelecimentos. Segundo Alessandro Eugênio Seva, gerente da unidade do Supermercados Sol em Itu, “ainda não podemos dimensionar o impacto, pois estamos há pouco tempo na cidade, mas percebemos que houve uma diminuição na procura das bebidas quentes, tanto que estamos trabalhando há um mês e ainda não fizemos pedido delas”. Ele disse ainda que com relação a cervejas e refrigerantes, o consumo vem sendo normal.
Rubinho Stuque, do tradicional Tonilu do Centro, disse que “a procura por destilados e caipirinha caiu, porque a população fica com receio. Mas a diferença é que nós só compramos nossas bebidas de atacadistas e as bebidas são originais, vem com nota, caixas lacradas”, pondera.
Ele enfatiza que “você não vai ter problema, quando compra bebida original. O problema é que tem comerciante que para ganhar no preço, compra de adegas ou outros fornecedores e aí pode estar o grande problema”.
Rubinho disse que pesquisou na internet e descobriu que “há um comércio de litros vazios, e há quem faça os rótulos falsos, para comercializar bebidas batizadas, falsificadas e aí fica mais em conta. Isso nós não fazemos”, garante.
Por outro lado, se o comerciante sentiu que a população local vem mostrando um certo receio na compra de bebidas destiladas, outros não: “tivemos recentemente o Tomorrowland e recebemos pessoal que veio de fora, do México, que chegaram bebendo caipirinhas e não estavam nem aí com nada”, destacou enfatizando, entretanto, que no Tonilu tudo é da melhor procedência.
Até 22 de outubro, o Brasil registrou de forma oficial um total de 47 casos confirmados de intoxicação por metanol. Desses, nove evoluíram a óbito, sendo seis em São Paulo, dois em Pernambuco e um no Paraná. Há ainda 57 casos em investigação.
A recomendação é evitar o consumo de bebidas destiladas de origem desconhecida ou suspeita, principalmente as que usam garrafas de rosca ou que não venham hermeticamente fechadas de fábrica.
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