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Ituanos em Romaria: uma história de fé

Ituanos já seguiam em peregrinação à Pirapora do Bom Jesus na década de 1940 (Reprodução/A Federação)

Embora muitas pessoas já se dirigissem anteriormente de Itu a Pirapora do Bom Jesus em peregrinação, consta que de forma organizada a romaria data de 1967, tendo Ângelo Oliveira, Élio Camargo e José Galvão, que já eram romeiros experientes, juntaram amigos para a viagem a partir de Itu, contando ainda com Arcílio Agarussi e Renegildo Micai.

Foram 150 pessoas a partir de 27 de maio de 1967 e com o passar dos anos a peregrinação transformou-se em tradição que a cada ano cresce mais. Antes, os ituanos integravam-se a romarias vindas de outras cidades, que passavam por Itu a caminho do santuário.

Hoje são milhares de pessoas, principalmente durante a Semana Santa que saem de Itu ou pela cidade passam vindo dos mais diversos municípios em direção a Pirapora do Bom Jesus, em ato de fé, seguindo a pé, no lombo de muares ou cavalos, de charretes, bicicletas ou motos. A maioria absoluta tem a fé em primeiro lugar, seja pagando promessa em agradecimento a graça recebida ou mesmo em busca de alento.

Registro 

As romarias de forma organizadas, conforme a matéria cita, tiveram início em Itu a partir de 1967, mas há registros pelo menos de 1948, ou seja, 19 anos antes, dando conta de ituanos dirigindo-se em grupo para Pirapora.

É o caso, por exemplo, dos amigos Benedito Ramos, Adão Corrêa Carvalho, Álvaro Arruda, Martinho Boni e Luiz Gazzola Sobrinho, que fizeram o trajeto de aproximadamente 50 quilômetros de bicicleta, conforme relatou Paulo Gazzola, na edição do Jornal “A Federação” de 2004.

Tradição

Em meio à tradição, a fé e a devoção se renovam. Maria do Carmo Leonardi, moradora de Itu, falou ao Periscópio durante a preparação para mais uma romaria. Ela conta que sua sobrinha, Manuela, nasceu com o palato aberto e enfrentou, desde cedo, cirurgias delicadas. “Cada procedimento era uma nova angústia, uma nova oração. Minha mãe, Tereza – avó da Manuela – foi quem fez a promessa: se a saúde da nossa menina fosse restaurada, faríamos a romaria a pé, em ação de graças ao Bom Jesus. E eu, tia e madrinha da Manuela, não poderia estar em outro lugar”, relata ela, que iniciou a romaria com a família há oito anos.

Maria do Carmo ao lado da sobrinha Manuela, a razão da promessa e da manutenção da fé e devoção da família (Foto: Arquivo pessoal)

O gesto, de acordo com a devota, só foi interrompido durante a pandemia da Covid-19. “A fé não se cala. Já tivemos caminhadas que duraram 11 horas, outras nove horas, mas a verdade é que o tempo nunca foi o que mais importava. O que conta mesmo é o que se leva dentro do coração. Cada passo é uma oração. Cada quilômetro, um ato de entrega”.

E mesmo diante dos desafios, como o medo do tráfego de veículos que passam próximos aos romeiros, Maria do Carmo diz que segue firme. “São 42 quilômetros de fé, de reencontro com o sagrado, de gratidão por um milagre vivo: a vida da nossa Manuela. Caminhar até Pirapora é agradecer com o corpo, com o suor, com as lágrimas e, principalmente, com a alma”, conclui a romeira.

Outras cidades

No final da tarde de quarta-feira (16), estava na Praça da Matriz um grupo de romeiros vindos de Guareí (SP), que havia saído de seu município no último domingo (13), às 6h, com destino a Pirapora do Bom Jesus. A chegada estava prevista para a manhã desta sexta-feira (18). Ao JP, o auxiliar administrativo Lourival Venâncio, 51 anos, que ajuda a manter uma tradição de 55 anos em Guareí, falou. “Participo desde 1995. Depois dei uma parada e voltei em 2018”.

Da esq. p/ dir., Gilberto Xuxa, João Antônio, Lourival, José Édson, Roberto e Leandro, parte do grupo do Santuário de São João Batista, de Guareí (Foto: André Roedel)

Lourival, que juntamente com o grupo frequenta o Santuário de São João Batista, em  Guareí, relata os desafios. “A maior dificuldade é conseguir lugar para dormir. Antes da romaria é preciso ver os lugares, onde tem o que comer, tomar banho. Ver se cabe todo mundo”, explica o romeiro, que conclui falando que outro fator que é verificado é a questão da segurança.

Pesquisa: Revistas Campo & Cidade e Aqui e Jornais A Federação e Periscópio.

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