Emigrar não foi uma decisão fácil. No final do Século 19, muitas e profundas transformações políticas, econômicas e sociais sacudiram a Europa e especialmente o norte da Itália. Os moradores dessa região italiana passavam por grandes dificuldades, inclusive a fome.
Neste dia 21 de fevereiro, Dia do Imigrante Italiano, vale lembrar um triste relato de um anônimo italiano ao Ministro de Estado da Itália na época da imigração: “O que entendeis por uma Nação, Senhor Ministro? É a massa dos infelizes? Plantamos e ceifamos o trigo, mas nunca provamos pão branco. Cultivamos a videira, mas não bebemos o vinho. Criamos animais, mas não comemos a carne. Apesar disso, vós nos aconselhais a não abandonarmos a nossa Pátria? Mas é uma Pátria a terra onde não se consegue viver do próprio trabalho?“ (fonte internet – “Expedição Tabachi”).
Nesse período, o Brasil vivia a abolição da escravatura e necessitava de mão-de-obra nas lavouras do café. Fazendeiros paulistas e ituanos ofereciam passagens de navio para que famílias inteiras imigrassem para cá.
Em 1872, já havia em Itu 1187 estrangeiro,s sendo 113 italianos. Há registros de alguns desses italianos como fundadores do Colégio São Luiz, como Padre Antonio Onorati, Padre Bartolomeu de Taddei, Giuseppe Gionimi e Irmão Afonso D’Amicis.
Em 1876, com a chegada da ferrovia inaugurada em 1873, muitos imigrantes chegaram em Itu para trabalhar na lavoura do café nos bairros Pedregulho, Pinheirinho, Jacuhu, Varejão, Apotrebu e Taquaral, com predominância de italianos nos quatros primeiros.
Esses primeiros imigrantes italianos vieram da Região Trentina, norte da Itália. Em 1906, no Almanaque FANFULLA, publicado pela comunidade ítalo-paulista, declarava que, de acordo com a Imprensa Oficial, havia no município de Itu 20.000 habitantes, dos quais 75% na zona rural e, destes, a impressionante quantidade de italianos: 8.000. Depois muitos desses imigrantes deixaram nossa cidade indo para outras fazendas em outros municípios no interior do Estado de São Paulo.
Esses imigrantes italianos se organizaram e fundaram a Società Italiana de Mutuo Soccorso “Luigi di Savoia” em 1919. Por ocasião da Segunda Guerra Mundial, essa associação teve suas atividades suspensas, retornado posteriormente como Circolo Italiano Dante Alighieri, em atividade até os dias atuais, na Rua Floriano Peixoto n. 1386.
Em 1920, das 474 propriedades rurais existentes na cidade de Itu, 127 já estavam nas mãos dos italianos. Trabalhadores determinados, das grandes e históricas fazendas, acabaram comprando a propriedade, como foi o caso das Fazendas Floresta, Cana Verde, Concordia e outras. Nessa época, os italianos representavam 10% da população do município que era de 30.392 habitantes, oriundos de diversas regiões da Itália, predominando do Vêneto das Províncias de Vicenza, Padova e Treviso.
Muitas e belas histórias esses italianos escreveram, deixaram marcas profundas na sociedade ituana. Muitos descendentes desses corajosos imigrantes exercem hoje em nossa cidade importantes cargos na sociedade civil e no comércio local.
Um pouco da história da imigração italiana no Estado de São Paulo, relatos que contam a saga de 160 famílias (escrita pelos próprios familiares) de descendentes de italianos que moram em Itu e curiosidades dos imigrantes italianos, estão registradas em dois livros (edições esgotadas) com o título: “Italianos em Itu, da imigração à atualidade”, Volumes I e II lançados em 2017 e 2018 respectivamente, organizados por Maria de Fátima Boni Oliveira, Vilma Pavão Folino e Edson Carlos de Oliveira.
Em versão E-book, o primeiro está disponível na Amazon por R$24,99. O resultado financeiro da venda desse livro vai automaticamente como ajuda para o Lar Nossa Senhora da Candelária (antigo Asilo) de Itu.
Edson Carlos de Oliveira, co-autor do livro “Italianos em Itu, da imigração à atualidade”
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Publicado em February 21, 2022.
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