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GOVERNO DO CHILE: NUNCA MAIS SEM ELAS

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Semana passada, numa entrevista de Lula a blogueiros progressistas em que só havia uma mulher presente, um deles perguntou ao ex (e futuro) presidente se colocaria mais mulheres no ministério do seu próximo governo. Lula afirmou que esta é uma pauta importante, mas não quis se comprometer muito. 

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Tomara que ele siga o exemplo do novo chanceler da Alemanha, o social-democrata Olaf Scholz, e do presidente chileno Gabriel Boric. Ambos prometeram em campanha que seus ministérios teriam paridade de gênero. Scholz já avisou que, das 18 pastas, metade terá ministras . Boric foi além: anunciou 14 ministras e 10 ministros. 

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Publico aqui o texto da Isabela, que sempre nos informa do que está acontecendo no nosso país hermano. A jornalista Isabela Vargas é mãe da Gabriela, feminista e integra a coordenação do coletivo Mujeres por la Democracia Santiago de Chile, que organizou os protestos do #EleNao no Chile.

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Na semana em que o presidente eleito do Chile, Gabriel Boric, anunciou os nomes das pessoas que farão parte do seu governo ocupando os ministérios, as redes sociais foram invadidas por várias imagens icônicas. Numa delas, uma montagem mostrava uma comparação entre o primeiro governo depois da ditadura do Pinochet, onde se veem somente homens vestindo camisas brancas com ternos e gravatas pretas, contrastando com o colorido do novo governo, formado por 14 ministras e 10 ministros, que aparecem sorridentes, num clima de descontração com algumas mães, inclusive, segurando seus filhos no colo.

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A equipe de governo de Boric reflete os novos tempos no Chile. Formado por mulheres, em sua maioria, o recado das ruas foi ouvido: nunca mais um governo sem a participação delas (nunca más sin nosotras). Alguns nomes, não me surpreenderam porque foram mulheres que tiveram uma intensa participação e protagonismo na campanha eleitoral. É o caso da Izkia Siches, Ministra do Interior e Seguridad Pública (o que equivale a figura de vice-presidente), e da Camila Vallejo, que será a porta voz da presidência ocupando o Ministério na Secretaria Geral do Governo. 

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As duas foram companheiras de militância de Boric no movimento estudantil e vários usuários compartilharam fotos relembrando esse período e a trajetória de lutas desses nomes que vão compor o novo governo a partir de 11 de março de 2022. Outras integrantes também geraram grande alvoroço entre internautas pela evidente mudança que representam.

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A neta do presidente Salvador Allende, Maya Fernandéz Allende, anunciada como futura ministra da Defesa, foi lembrada nas redes sociais num registro em que aparece nos braços do avô, que morreu logo após o atentado ao Palácio La Moneda, no golpe militar de 1973. Um fato curioso sobre Maya: ela é voluntária do corpo de bombeiros no Chile.

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Quem também foi lembrada pelo parentesco com uma figura importante na luta contra a ditadura de Pinochet foi a futura ministra do Esporte, Alexandra Benado. Ela é filha da integrante do MIR (Movimiento de Izquierda Revolucionario) Lucia Vergara, assassinada pelo regime militar em 1983. 

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É a primeira vez na história do Chile que o Ministério do Interior será ocupado por uma mulher. As mulheres serão maioria no gabinete (14 a 10), na comissão política (três a duas), e também serão protagonistas em pastas tradicionalmente associadas ao poder masculino como a diplomacia, as Forças Armadas e os tribunais: Relações Exteriores, Defesa e Justiça. 

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O anúncio do gabinete de governo foi comentado por vários aspectos, não apenas pela forte representatividade das mulheres. Um dos mais importantes é verdade, já que somente em 2006, a então presidenta Michele Bachelet também anunciou um gabinete com paridade, fato que foi mencionado por Boric em seu discurso durante a cerimônia. 

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O novo governo rompe com uma antiga tradição chilena de nomear parentes, já que os círculos de poder estão sempre próximos e ligados por relações de parentesco, seja na esfera pública ou privada. É o famoso “clasismo chileno”. As futuras ministras e ministros têm origens tão diversas como a atual sociedade chilena. Há uma ministra e um ministro que abertamente representam a diversidade sexual e um deles ocupará a pasta da Educação. Esse é um fato que jamais poderíamos imaginar no Brasil de hoje com Bolsonaro presidente. 

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Além da equipe inovadora , o local escolhido para o anúncio do novo governo também surpreendeu a muita gente. O evento ocorreu no Parque Quinta Normal, um lugar bem popular aqui em Santiago, que reúne três museus em suas instalações. Boric escolheu um parque público, ponto de encontro e de diversidade, com uma longa tradição histórica onde as pessoas realmente compartilham não apenas o espaço público, mas sonhos e esperanças de um novo Chile.

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Numa época em que as imagens valem muito, especialmente pela força das redes sociais, o discurso de Gabriel Boric também foi um ponto importante no anúncio da sua equipe ministerial. Em vários momentos, ele relembrou uma importante artista chilena — uma das minhas favoritas – Violeta Parra. Boric indicou que a meta é trabalhar “por um Chile que nos abrigue e cuide de nós e que aspire a essa harmonia de que nos falou Violeta Parra, interpretada naquela bela canção final (…) onde ela diz que a harmonia vai ser do pão com o instrumento, do beijo e do pensamento”. 

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Depois desse importante evento, podem ter certeza e que a marcha do dia 8 de março, realizada anualmente e que nesta edição antecederá à cerimônia de posse de Boric marcada para 11 do mesmo mês, será novamente “histórica” reafirmando o protagonismo das mulheres nos eventos que estão transformando a sociedade no Chile. 

O post “GOVERNO DO CHILE: NUNCA MAIS SEM ELAS” foi publicado em 24th January 2022 e pode ser visto originalmente na fonte Escreva Lola Escreva

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