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“Fiscais de comorbidade” não podem ser empecilho para a vacinação contra Covid

Segundo a coordenadora da Viep, triagem de pessoas com comorbidades é feita de maneira discreta (Foto: Juca Ferreira/Prefeitura de Itu)

Nas últimas semanas, a vacina contra a Covid-19 começou a ser aplicada, também, em cidadãos a partir dos 18 anos, desde que comprovem possuir uma doença pré-existente (que são definidas pelo Ministério da Saúde).

Com isso, um novo tipo começou a surgir: o “fiscal de comorbidade”, que são pessoas que questionam a doença que o vacinado tem, muitas vezes levando ao constrangimento – e desestimulado a vacinação para muitas pessoas que têm o direito.

O funcionário público Erick Silva Muracami, 29 anos, foi vacinado no dia 07 de junho em Itu e sentiu na pele a ação desses “fiscais” após postar foto do cartão de vacinação em suas redes sociais.

“Eu ignorei muita gente e isso acabou me trazendo uma reflexão, que esse tipo de atitude que as pessoas têm talvez acabe afastando as pessoas com comorbidades da imunização, uma vez que algumas pessoas podem ter vergonha de expor suas comorbidades e serem julgadas”, declara.

“Sabemos também que muitas comorbidades ainda são carregadas de estigma, e é muito triste que essas pessoas sejam cobradas sobre suas comorbidades, quando a única coisa que deveria ser cobrada nesse momento é a aquisição de mais vacinas e a imunização em massa”, prossegue ele, estimulando que as pessoas contempladas nesse grupo se imunizem, “sem vergonha e sem medo”.

“A vacina é um direito dessas pessoas, e se imunizar é um dever também, porque só pensando coletivamente conseguiremos sair dessa pandemia tão terrível, onde a nossa única arma é a vacina”. Lúcia Helena Rubira Pacífico, coordenadora da Viep (Vigilância Epidemiológica) da Prefeitura de Itu, destaca os procedimentos adotados.

“Os munícipes que recorrem à vacinação no grupo de pessoas com comorbidades passam por triagem feita por médicos e enfermeiros, devendo comprovar a enfermidade alegada através de laudos, exames e/ou receitas médicas. Tudo é feito de maneira profissional e discreta. Não há, por parte do Poder Público, a exposição desses cidadãos no sentido de alardear as suas condições individuais de saúde”, conta.

Erick também conta a sensação de, finalmente, poder ser vacinado. “Pra mim foi um grande alívio tomar a vacina. A pandemia é algo que me tirou muito do eixo, por ser uma pessoa com uma condição pré-existente, o caminho até a primeira dose foi de muita incerteza, apreensão e após a primeira dose está sendo um misto de alegria, preocupação por ter meu marido em casa que ainda não pode se vacinar, e a tristeza em saber que tanta gente que queria ser vacinado nem ao menos teve tempo”, conta.

Mesmo já tendo recebido a primeira dose, os cuidados não foram deixados de lado. “Apesar de mais aliviado, por aqui continuo com todos os cuidados possíveis na tentativa de passar por esse momento de espera da melhor forma possível, com a esperança que em breve todos serão imunizados, e finalmente poderemos ter nossas vidas de volta”, finaliza Erick

A servidora pública estadual Ligia Franchi Sobral, 30 anos, que se vacinou no mesmo dia que Erick no drive-thru da Prefeitura, conta que não sabia que tinha direito à vacinação por ter uma valvopatia (prolapso da válvula mitral) e tomar remédio de uso contínuo. Ligia até questionou o médico sobre a vacina, que “deu de ombros”.

Porém, ela foi informada por um amigo que trabalha na área da saúde que sua condição permitiria a vacinação contra a Covid. A partir daí ela também passou a ser alvo dos “fiscais”. “Eu percebi um certo preconceito depois”, conta ela, que evitou comentar que recebeu a vacina. Ela só comentou em um grupo de amigos do trabalho e recebeu julgamentos.

 Ligia, que vem seguindo todos os protocolos sanitários, também se sentiu aliviada com a vacinação. “Todo mundo deveria estar vacinado. Eu sempre tomei muita precaução em tudo, em todos os momentos”, relata ela, que deixou de frequentar diversos locais e deixou de visitar a mãe, que também tem uma comorbidade cardíaca. “Não vou mudar os meus cuidados, até porque o meu namorado não vacinou. Mas pra mim é uma alegria. É o que espero que aconteça com todo mundo”.

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