No último sábado (23), foi realizada a 2ª Feira de Discos de Itu. Na ocasião, colecionadores puderam comprar, vender e trocar LPs, CDs, DVDs e Fitas K7. O clima de nostalgia se mistura com a febre do retorno dos discos de vinil, que era a grande sensação entre os anos 1950 e 1980, quando o CD passou a ganhar força.
Idealizar da feira, Rodrigo Marques comentou sobre a repercussão da 2ª edição e de como surgiu sua relação com os discos. “Me deixou muito empolgado. Percebi que muitas pessoas que foram à primeira edição, que aconteceu há dois meses, se surpreenderam com a quantidade e qualidade dos discos oferecidos e com a atmosfera do evento e não apenas voltaram, como também convidaram seus amigos”, relata. “Notei vários encontros de pessoas que não se viam há anos, até porque ali estavam colecionadores de discos de cidades como Sorocaba, Americana, Indaiatuba e outras. É muito legal perceber que o evento mobilizou a galera dos discos em nossa região”.
Rodrigo começou a produzir feitas de discos na cidade de Osasco, onde morava. Foram quatro edições, entre 2016 e 2018. “Quando me mudei para o interior do Estado, já realizava a Feira de Discos de Barão Geraldo [Campinas] e, com a repercussão destes eventos, recebi convites para organizar o evento em cidades como Indaiatuba, Campinas, Itupeva e Piracicaba”, explica.
A feira em Itu se desenhou no final do ano passado, quando Rodrigo participou como expositor em um evento promovido pela Prefeitura. “Percebi que a cidade é cheia de aficionados por Discos de Vinil, CDs, DVDs e outras mídias e fiquei surpreso ao saber que uma cidade com a importância histórica e este público apaixonado por coleções não tinha sua própria Feira de Discos e procurei um lugar para abrigar o evento”, conta.
Após apresentar a proposta para o empresário Robert Oscar, este abraçou a ideia, sediando em seu estabelecimento comercial as duas primeiras edições da feira. Rodrigo aproveita para confirmar a terceira edição da Feira de Discos para o mês de setembro.
Volta dos discos
Analisando o atual cenário, Rodrigo acredita que a retomada dos discos de vinil é uma tendência que veio para ficar. “E digo mais: o CD será o novo vinil. Se o streaming facilita demais o acesso à música, não chega nem perto do ritual de colocar um disco para tocar, ouvi-lo com uma boa qualidade de som, manuseando sua capa e encarte, tomando um vinho, uma cerveja ou um café, de acordo com suas preferências”, declara.
“Cada vez mais pessoas, inclusive jovens, descobrem a sensação de apreciar estas obras de arte em sua plenitude. Nas Feiras de Discos fica nítido este convívio harmônico entre antigos colecionadores e adolescentes comprando seus primeiros discos”, explica Rodrigo, que diz sempre ter “respirado” música.
“Aos 15 anos já tinha uma coleçãozinha de respeito, especialmente de discos de Heavy Metal, gênero que cresci ouvindo. Na época, eu já fazia negócios com discos. Comecei trocando com amigos e passei a vendê-los por um catálogo. Com o tempo, meu quarto ficou pequeno para os LPs e CDs e montei a Warlock Discos como loja física, fase que durou de 2003 a 2007”, recorda o colecionador.
“Foi neste momento que tomei a decisão de abrir mão de boa parte de minha coleção. Hoje, não sou daquele tipo de colecionador que tem prateleiras lotadas de discos em casa, mas mantenho aqui a minha vitrolinha e uns 50 LPs que escuto frequentemente. Sempre adquiro alguns novos, passo outros para a frente e assim sempre tenho bons discos para ouvir”, destaca.
A jornalista e historiadora Gisele Scaravelli também é amante dos discos de vinil. A ituana de 35 anos comenta ao JP que sua relação com eles começou ainda na infância. “Minha mãe tinha alguns poucos em casa e eu achava bem legal. Quando eu era adolescente, por volta dos 15 anos, comecei a comprar uns meus, de rock e MPB. Tenho discos que estão comigo há 20 anos”.
Após passar um longo período sem ouvi-los, pois não tinha vitrola e nem rádio para reproduzi-los, ela adquiriu uma vitrola no começo da pandemia de Covid-19. “Voltei a tocar meus antigos e passei a comprar mais, pela internet mesmo. Mas na época minha coleção tinha uns dez discos, hoje estou com mais de 80 e crescendo”.
No último sábado, na Feira de Discos, a jornalista adquiriu quatro discos. “Pra mim, é um resgate à bons momentos da infância, memória mesmo. Eu uso muito Spotify, mas a ‘vibe’ do disco é outra. Procurar, limpar, organizar, ouvir… é puro gosto pessoal pra mim”, conclui.
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