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Especial República: Participação feminina – ou não – na Proclamação

Foi com muita luta e sacrifício que as mulheres conseguiram seus direitos na sociedade brasileira. Para se ter uma ideia, e de forma breve, apenas em 1887 a primeira médica era formada e ainda assim havia relutância masculina em se submeter a consultas. A Carta Outorgada do Império (1824) e a primeira Constituição da República (1891) não lhes davam o direito de votar ou serem votadas. As mulheres eram consideradas “cidadãs de segunda categoria”. 

Mas elas, entretanto, não se calaram e lutaram pelo direito à Educação e pelos seus direitos civis e políticos, embora a história também não tenha registrado muito dessa luta. Mesmo não estando na chamada linha de frente, as mulheres se envolveram em grandes movimentos como a Independência, o abolicionismo e a proclamação da República.

A primeira feminista brasileira que se tem registro foi a potiguar Nísia Floresta (1809/1885), que destacou-se como educadora e após 28 anos na Europa, voltou ao Brasil e apoiou os movimentos abolicionista e republicano, sendo considerada uma pessoa muito à frente de seu tempo.

No caso da participação feminina na Convenção de Itu, movimento que deu origem a Proclamação da República, a Historiadora e Educadora do Museu Republicano, Aline Zanatta, tem um trabalho de pesquisa que relata com propriedade.

“Na lista de presença da ‘Convenção de Itu’ e na ata desta reunião, não constam nomes femininos, nem tampouco as memórias escritas sobre a ‘Convenção’ relatam a presença de mulheres neste encontro. Contudo, isso não significa que elas não foram fundamentais nos acordos políticos e econômicos que se estabeleciam nos entremeios das reuniões e estratégias de manutenção do poder nas mãos da elite agrária e escravocrata”.

Affonso Taunay, primeiro diretor do Museu Republicano, expôs na parede da “Sala da Convenção” o único retrato de mulher do acervo do Museu Republicano. O retrato de Dona Olímpia Fonseca de Almeida Prado, esposa de Carlos Vasconcelos de Almeida Prado, produtor de café e convencional, que era o proprietário do sobrado – hoje o Museu – em 1873. Ela teria tido, embora não haja relatos oficiais, um bom trabalho na organização da casa para a importante reunião.

O pai de Olímpia, que também foi convencional, era Antônio Augusto da Fonseca. Olímpia foi aluna do Colégio Nossa Senhora do Patrocínio, estudando de forma interna de 1859 até 1866. Anos mais tarde, já residindo em seu palacete à Rua Haddock Lobo, na capital paulista, manteve-se ligada à Itu, tendo participado ativamente em 1919, da comemoração dos 60 anos do Colégio Nossa Senhora do Patrocínio, como oradora e presidente da Comissão Honorária dos festejos.

O historiador Jonas Soares destaca um nome feminino importante na época da Convenção Republicana, que embora não tenha participado diretamente, colaborou com artigos publicados na imprensa. 

Trata-se da escritora Júlia Lopes de Almeida (Júlia Valentim da Silveira Lopes de Almeida, 1862/1934), nascida no Rio de Janeiro, mas que viveu em uma fazenda em Campinas. Com 19 anos, escrevia no jornal “A Gazeta de Campinas”, defendendo a Abolição, a República, o divórcio e a educação feminina. Júlia também escreveu livros e foi uma das idealizadoras da Academia Brasileira de Letras. Faleceu no Rio de Janeiro em 1934, de complicações decorrentes da febre tifóide. 

Não teve participação direta, mas foi uma mulher muito atuante em sua época, primeiro por exercer uma atividade pouco afeita a mulheres e pela coragem demonstrada por seus artigos defendendo a república no Brasil.

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