Seu Francisco veio do Rio Grande do Norte em 1980. Chegou em São Paulo cheio de “ilusão”. Trocou o trabalho na roça, com os pais, para ganhar o pão de cada dia ao lado do irmão.
Hoje, aos 55 anos, se prepara para se aposentar na mesma função que iniciou. Um trabalho que exige coragem e destreza. Ele é operador de grua – guindaste torre. Sob sua supervisão, ele maneja há mais de 50 metros de altura o aço e o concreto das obras. A altura é equivalente a um prédio de 15 metros.
No momento, trabalha em uma obra no Parque Industrial, em Itu. Todos os dias sobe dezenas de andares até chegar até sua cabine, de onde controla o material da obra o dia todo.
“Já trabalhei há 130 metros de altura. No começo eu tinha medo, mas depois a gente acostuma”, diz. Nas gruas mais altas, ele sobe de elevador e vai até o aparelho através de uma ponte.
As cabines feitas no Brasil não são tão confortáveis, as fabricadas na China são melhores, opina. Lá dentro ele passa mais de 8h. O salário já foi melhor, mas hoje é pouco mais de R$ 3.000. E lamenta a perda do poder aquisitivo para profissão tão peculiar. “Há dez anos eu ganhava mais do que ganho atualmente. Mas daí veio a crise, né? Eles se aproveitam…”
Ele hoje trabalha com atenção, e fala com orgulho dos filhos que fizeram faculdade. Ele foi até a quinta série do Ensino Fundamental. E agora aguarda a merecida aposentadoria, recordando que na sua função já trabalhou e conheceu diversos estados brasileiros. E dá uma dica para ser bom profissional: “precisa ter cabeça boa, né?”.
Ô, Seu Francisco, precisa mesmo…
Fonte
O post “Dia do Trabalhador: desafio de trabalhar nas alturas” foi publicado em May 1, 2020 e pode ser visto originalmente diretamente na fonte Jornal de Itu