
Comédia, 2007 | Direção: Jorge Furtado | Classificação indicativa: 14 anos | Duração: 1h52 | Disponível no Globoplay
NOTA: ✪✪✪
Semana passada, assisti pela primeira vez a um filme nacional sobre o qual já tinha ouvido falar, mas ao qual nunca havia dado a devida atenção: “Saneamento Básico, o Filme”. Graças ao programa Pontos MIS, realizado em parceria entre a Secretaria da Cultura e o Estúdio Extraordinário, pude conferir o longa-metragem dirigido por Jorge Furtado, recentemente restaurado em 4K. A sessão, modesta e intimista, reuniu cerca de dez pessoas e foi coroada com um ótimo bate-papo após a exibição. Recomendo acompanhar a programação, sempre recheada de produções interessantes.
O filme narra a história dos moradores de uma pequena comunidade no Rio Grande do Sul que tentam solucionar o problema do esgoto local, mas se deparam com a falta de orçamento. Descobrem, então, que existe verba disponível para a produção de um vídeo. Com criatividade, decidem usar o recurso para construir a fossa e, ao mesmo tempo, realizar um filme de ficção sobre a obra, dando origem a uma narrativa inusitada, divertida e crítica.
Com um elenco estelar, formado por nomes de peso como Fernanda Torres, Wagner Moura, Camila Pitanga e Lázaro Ramos, a produção aposta em um humor ácido para expor a burocracia brasileira, a má gestão de verbas públicas e a negligência governamental, contrapondo a engenhosidade comunitária ao peso do sistema.
Assim, “Saneamento Básico, o Filme” se consolida como uma das comédias mais inteligentes do cinema brasileiro recente, ao unir crítica social, metalinguagem e leveza humorística sem perder a capacidade de provocar reflexão. A habilidade de Jorge Furtado em transformar a burocracia em matéria-prima artística revela um cinema criativo, acessível e crítico, sustentado por um elenco afinado, com destaque para a atuação de Fernanda Torres.
Se, por um lado, a força do roteiro e a inventividade da narrativa sustentam o longa, por outro, alguns trechos poderiam ter mais ritmo, já que a repetição de certas piadas e a dilatação de cenas reduzem um pouco seu impacto. Ainda assim, trata-se de uma obra que diverte, provoca e, acima de tudo, reafirma o valor do cinema nacional como instrumento de imaginação e questionamento social.
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