Bring Her Back, Terror, 2025 | Direção: Michael Philippou, Danny Philippou | Classificação indicativa: 18 anos | Duração: 1h39 | Em cartaz nos cinemas
NOTA: ✪✪✪
“Faça Ela Voltar” é um daqueles filmes que carregam uma atmosfera sufocante do início ao fim. A trama acompanha Andy e Piper, dois meio-irmãos que, após encontrarem o pai morto, são levados a um novo lar sob os cuidados da excêntrica Laura. O convívio com Oliver, um jovem mudo que também vive na casa, logo se transforma em um mergulho em segredos obscuros e em um ritual perturbador que ameaça a relação dos protagonistas.
O longa, dirigido por Danny e Michael Philippou, aposta em elementos já familiares no cinema de terror contemporâneo: a presença do sobrenatural, o luto como motor narrativo e o grotesco como recurso para incomodar. Nesse ponto, cumpre bem sua função – há momentos de desconforto explícito, capazes de provocar repulsa no público. No entanto, a força do impacto visual e do choque não se sustenta por muito tempo diante de falhas evidentes na construção do enredo.
O maior problema está na montagem pouco inspirada e na falta de aprofundamento dos personagens centrais. Andy e Piper, embora sejam o fio condutor da narrativa, carecem de camadas que permitam ao espectador criar vínculos emocionais. O roteiro se preocupa mais em chocar do que em desenvolver relações, e isso compromete a força dramática da obra. Nesse aspecto, a sensação é semelhante à que tive com “Fale Comigo” – outro trabalho dos irmãos Philippou que divide opiniões.
Apesar das falhas, há atuações que merecem destaque. Jonah Wren Phillips impressiona como Oliver, entregando um personagem enigmático e inquietante que rouba a cena sempre que aparece. Sally Hawkins, com sua Laura excêntrica e ambígua, também sustenta momentos de grande intensidade. Já Sora Wong, em seu primeiro trabalho no cinema como Piper, mostra potencial, ainda que prejudicada por um texto que não a favorece.
“Faça Ela Voltar” é, portanto, um filme que perturba, mas que não consegue ir além do choque imediato. Fica a sensação de que poderia ser uma experiência mais marcante se houvesse maior cuidado com a edição e com o desenvolvimento narrativo. É um terror que incomoda, mas que deixa escapar a chance de se tornar memorável.
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