
Nas últimas semanas, novos casos de violência contra a mulher chocaram o Brasil. Na cidade de São Paulo, no dia 29 de novembro, uma mulher de 31 anos teve as pernas amputadas após ser atropelada e arrastada por 1 km. Já no dia 1º de dezembro, também na capital paulista, um homem tentou matar a ex-companheira disparando seis vezes contra ela, usando duas armas de fogo, em uma pastelaria em que ela trabalhava.
Manifestantes realizaram atos em diversas cidades do país no último domingo (07) para protestar contra o aumento dos casos de feminicídio e outras formas de violência contra as mulheres. Segundo o movimento Levante Mulheres Vivas, houve convocação de atos em pelo menos 20 estados e no Distrito Federal.
Em Itu, em julho deste ano, uma mulher de 45 anos morreu após ser agredida no bairro São Luiz. Mais recente, no dia 4 de dezembro, um homem de 60 anos foi preso em flagrante após esfaquear a namorada, uma mulher de 25 anos, dentro de uma casa no bairro Vila da Paz.
Segundo informações do Instituto de Pesquisa DataSenado, 3,7 milhões de brasileiras sofreram algum tipo de violência doméstica ou familiar em 2025. O levantamento ouviu mais de 21 mil mulheres entre maio e julho deste ano.
Em Itu, de acordo com dados fornecidos pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), em 2025, comparando com o ano passado, aumentaram o total de ocorrências contra a mulher: 2.124 neste ano contra 1.576 em 2024. O comparativo foi de 1º de janeiro a 30 de novembro.
Ainda segundo a DDM, em 2025 forma registradas 1.026 ocorrências de ameça (contra 855 em 2024); 841 entre calúnia, difamação e injúria (contra 658 no ano passado); 304 de lesão corporal dolosa (236 em 2024); uma de feminicídio (foram cinco no ano anterior); seis tentativas de homicídio (foram 18 em 2024); dez de estupro (25 foram registradas em 2024) e 486 medidas protetivas cumpridas (464 no ano passado).
Delegada da Mulher em Itu, Dra. Daniela Barreto da Silva comenta os números. “É com bastante preocupação que observo essa crescente de casos. Evidencia-se que tais circunstâncias estão ligadas, infelizmente, a uma espécie de falência dos valores sociais e, ainda, à ineficiência das leis e políticas públicas desenvolvidas pelo Estado que, por diversos fatores, não consegue coibir de maneira efetiva esse tipo de violência”, afirma.
Questionada se há um perfil de vítimas e agressores, a autoridade explica que não é possível traçar com objetividade. “A violência se mostra presente em diversas classes e núcleos sociais. Pode-se afirmar, contudo, que geralmente vítima e agressor compõem um ciclo de violência que costuma fazer parte de todo o seu crescimento e construção enquanto pessoa, visto que muitos indivíduos ligados a este tipo de comportamento presenciaram ou foram vítimas, em seus núcleos familiares de origem, de alguma forma de violência.”
Quem presenciar qualquer caso de violência contra a mulher, de acordo com a Dra. Daniela, deve denunciar aos órgãos competentes. “Geralmente, o primeiro contato com o Estado se dá através do registro do boletim de ocorrência perante as Delegacias. É nesse sentido que atuam as Delegacias de Defesa da Mulher, que facilitam esse registro através de um atendimento mais direcionado às peculiaridades dos casos envolvendo violência doméstica e familiar contra a mulher”, comenta.
“É importante que as pessoas se conscientizem e cultivem sempre o respeito e diálogo em suas relações interpessoais, devendo ser afastada qualquer forma de violência na resolução de conflitos. Além disso, a educação sobre o tema deve ser usada como uma das principais formas de prevenção desses casos, de forma a desconstruir perfis de agressores nos mais diversos círculos sociais”, acrescenta.
A respeito das ações realizadas em Itu para conscientização e combate à violência contra a mulher, a autoridade explica que a cidade conta com a atuação da DDM, por meio das quais são registrados boletins de ocorrência, formalizados pedidos de medidas protetivas de urgência e insaturadas investigações para a apuração de crimes.
“Eventualmente, são desenvolvidos projetos voltados à educação e conscientização da comunidade, por meio de palestras e reuniões, inclusive em conjunto com outros órgãos, como Ministério Público, Poder Judiciário e Assistência Social (a exemplo da atuação do Conselho da Mulher)”, complementa Dra. Daniela.
Mais ações

A psicóloga Dra. Elisabete Teixeira integra o Movimento “Mulher Está Luta é Nossa”, que surgiu a partir de situações de dor vivenciadas por mulheres vítimas de violência e feminicídio nos municípios de Porto Feliz e Boituva. Idealizado pela ativista Aline Silva e pela vereadora de São Paulo Pastora Sandra Alves (União Brasil), o movimento vem ampliando suas ações de mobilização, conscientização e enfrentamento à violência contra a mulher no interior paulista.
A iniciativa ganhou ainda mais força em abril de 2024, após o feminicídio de Roseli, amiga próxima de Bete Teixeira, que transformou a dor pessoal em um chamado para ação coletiva. A partir desse episódio, o movimento chegou a Itu, onde uma grande caminhada reuniu mulheres, famílias, lideranças políticas e comunitárias, além de cidadãos engajados na defesa da vida e da dignidade das mulheres.
O movimento implantou uma ação estratégica: a entrega do Protocolo “Não se Cale” de Atendimento à Mulher em Situação de Violência a estabelecimentos comerciais de Itu e região. “O material orienta e treina comerciantes e colaboradores a identificar sinais de risco e a oferecer apoio imediato, seguro e humanizado, contribuindo para uma resposta rápida e eficaz diante de possíveis casos de violência”, explica a psicóloga.
Bete comenta ainda que os índices de violência contra a mulher continuam aumentando no país, reforçando a urgência de iniciativas comunitárias, políticas públicas eficientes e ações permanentes de prevenção. “O Movimento Mulher Está Luta é Nossa nasceu da dor, mas caminha com a esperança de transformar realidades. Precisamos ser voz ativa, apoio e rede de proteção para todas as mulheres”, finaliza. (Com informações da Agência Brasil e Agência Senado)
Canais de denúncia: Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher; 190 – Polícia Militar (emergência) ou Delegacia Online – disponível em diversos estados.
O post Casos de violência contra a mulher têm aumento na cidade de Itu no ano de 2025 apareceu primeiro em Jornal Periscópio | Jornal do Povo.