
Thriller/Suspense, 2025 | Direção: Kleber Mendonça Filho | Classificação indicativa: 16 anos | Duração: 2h40 | Em cartaz nos cinemas
NOTA: ✪✪✪✪✪
O sucesso arrebatador de “Ainda Estou Aqui”, que furou bolhas e foi premiado com o Oscar, teve um efeito muito importante: deu visibilidade ao cinema nacional dentro de seu próprio território. Se lá fora a produção brasileira sempre esteve em alta, aqui no Brasil havia muito preconceito (por vários motivos, que não discutirei neste espaço). Um filme como “O Agente Secreto”, por exemplo, nunca teria o alcance que vem tendo se não fosse a produção de Walter Salles abrir um novo caminho para a indústria cinematográfica local.
Felizmente, o novo longa-metragem escrito e dirigido por Kleber Mendonça Filho estreou no país inteiro – o que possibilita que mais pessoas possam ter contato com uma obra necessária, que toca em temas tão importantes. “O Agente Secreto” se passa em 1977 e acompanha Marcelo (Wagner Moura), um homem na casa dos 40 anos que se mudou recentemente para o Recife (PE) para fugir de um passado enigmático. Durante a trama, ele percebe que está sob ameaça e precisa proteger a si e seu filho.
O filme é carregado de uma nostalgia de um Brasil com tanto potencial, mas que foi podado pela ditadura militar – sem cair no clichê comum de obras que tratam sobre o tema, explorando outras nuances de como o regime foi implacável contra qualquer um que saía “da linha”.
O design de produção é um show à parte. A recriação do Recife dos anos 1970 é impecável em cada detalhe, mas até quem nunca esteve na capital pernambucana sentirá uma sensação de familiaridade porque o longa é uma verdadeira amálgama de vários Brasis.
No quesito atuação, Wagner Moura está incrível no papel de Marcelo, assim como todo o elenco – tenho que destacar a incrível Tânia Maria no papel de Dona Sebastiana, que rouba a cena em várias oportunidades. Alice Carvalho tem uma participação pequena, mas marcante. Gostaria que tivesse mais tempo de tela.
Com uma trama inteligente e instigante, “O Agente Secreto” faz uma verdadeira radiografia da nação, seus vícios e virtudes. Kleber Mendonça Filho rememora seus filmes anteriores e traz homenagens ao cinema como um todo em uma obra que destaca a importância da memória para entendermos o passado e não incorrermos nos mesmos erros no futuro.
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