Dias desses estava com meus confrades e confreiras da ACADIL falando sobre o crescimento desenfreado do uso de IA – Inteligência Artificial – na produção de textos. Eu trabalho com produção textual há mais de quinze anos e acho uma tristeza a forma que ela vem sendo usada. Ainda assim, por curiosidade, resolvi perguntar à própria IA quais seriam os prós e contras dos textos feitos por ela.
Entre os prós, ela destacou a rapidez na produtividade, o custo reduzido por substituir o trabalho humano e a disponibilidade constante. E aos contras, destacou limites éticos e autoria, padronização excessiva, originalidade, risco de desinformação, entre outros. O que me deixou mais surpresa (ou não!) foi perceber essa necessidade de produção exacerbada, conteúdos criados sem reflexão, sem profundidade e sem pertencimento. O capitalismo linear e desenfreado nos empurra a produzir cada vez mais, em menos tempo e com cada vez menos identidade.
Outro fato que chamou muito a atenção em minhas leituras recentes foi uma pesquisa conduzida por Michel Desmurget, diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde da França. Segundo a pesquisa, os jovens de hoje são a primeira geração da história com um QI mais baixo que a última, e isso está diretamente ligado ao fator digital, não há mais preocupação em pesquisar ou reter qualquer tipo de informação porque tudo está, literalmente, na palma da mão. Basta uma pesquisa rápida no celular e todas as respostas aparecem.
O que me faz pensar que nesses tempos, onde todo mundo sabe de tudo por meio de uma rápida busca no Google, é que grupos de leitura, clubes do livro e academias de letras, como nossa amada ACADIL, são verdadeiros espaços de resistência. É em nossos encontros que ouço pessoas e suas histórias de vida, ouço sobre o que faz seus corações vibrarem para a escrita e suas pesquisas, dos eventos que têm vontade de realizar, suas visões de mundo e das lembranças de uma Itu do passado e pessoas que por nossas ruas já caminharam. Confesso, essa é sempre minha parte preferida!
A IA não tem memória para visitar, nem histórias com detalhes pessoais para compartilhar e muito menos vida para dividir. Ela pode passar tempo respondendo questionamentos, mas jamais vai passar um cafezinho para dividir uma boa prosa.
Por isso, em tempos de IA e intensa produção de conteúdo, estar com meus confrades e confreiras, colecionando esses belos relacionamentos em prol das letras ituanas, sempre será um dos maiores conteúdos que tenho a felicidade de acumular.
Gisele Scaravelli
Cadeira Nº 06 I Patrono Joaquim Leme de Oliveira Cesar
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