
Este sábado (17) marca o Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia. A data foi escolhida para comemorar a decisão de retirar a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1990, simbolizando assim um avanço crucial na luta pelos direitos humanos e na despatologização das identidades LGBTQIA+.
No domingo (18) – e não no sábado, como informado na edição passada – acontece a 9ª edição da Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Itu, com início às 12h na Avenida Francisco Ernesto Favero, no bairro Rancho Grande. A concentração será em frente à Padaria Tula, com passeata iniciando às 14h, com dispersão ocorrendo a partir das 15h na Praça Washington Luiz, com palco montado com som e iluminação e painel de led onde ocorrerá a apresentação de diversos artistas voltados à cultura LGBTQIA+.
Gabriel Kastro, um dos organizadores, destaca a importância do ato. “No ano de 2024, tivemos um público estimado em 6 mil pessoas, o que nos remete a um público de aproximadamente 10 mil pessoas agora em 2025. Com expectativas altas, iremos percorrer as ruas, exaltar os nossos corpos, levantar nossa bandeira e colocar o nosso orgulho e o nosso respeito nas ruas, a favor da comunidade LGBT+ ituana e em prol de dias melhores para todos nós”, relata.
Kastro destaca que o Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTQIA+ no mundo e, através da manifestação, eles têm a possibilidade de reconstruir a história. “E deixar um importante recado ao berço de uma república que se construiu de forma tão desigual: na cidade de Itu não tem espaço para a LGBTfobia.”
Homofobia é crime
A homofobia é considerada crime no Brasil desde 2019, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu equiparar atos de discriminação por orientação sexual e identidade de gênero aos crimes previstos na Lei nº 7.716/1989, que trata do racismo. Com isso, manifestações homofóbicas passaram a ser passíveis de punição com penas que variam de um a cinco anos de reclusão, além de multa.
A decisão histórica do STF representou um avanço na proteção dos direitos da população LGBTQIA+, reforçando que a intolerância e o preconceito não têm espaço em uma sociedade democrática e plural. A criminalização da homofobia visa garantir o respeito à dignidade humana e combater a violência que atinge, diariamente, milhares de brasileiros por sua orientação sexual.
Conferência será realizada
Além da 9ª Parada, será realizada a 1ª Conferência dos Direitos da População LGBTQIA+ de Itu, que ocorrerá no dia 28 de maio (quarta-feira), no auditório da Prefeitura, das 9h às 13h. A conferência é uma parceria entre a Parada, 53ª Subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a Prefeitura de Itu.
Dra. Isis Paloma Carneiro, diretora adjunta do 3º setor da OAB Itu, destaca que a conferência é um passo histórico rumo à visibilidade e à cidadania plena. “Trata-se de um evento inédito, corajoso e absolutamente necessário diante dos desafios enfrentados por essa população em nossa cidade”, explica a advogada.
Segundo ela, a OAB, na qualidade de entidade da sociedade civil com legitimidade legal para convocar a etapa municipal, prontamente acolheu o pedido que partiu de Kastro. “O presidente da subseção, Dr. Rodrigo Tarossi, entendeu com sensibilidade e firmeza a urgência de abrir esse espaço de participação democrática e defesa dos direitos fundamentais.”
Dra. Isis reforça que a aliança entre o movimento social e a advocacia representa um exemplo de como a sociedade civil pode (e deve) se mobilizar para construir caminhos mais justos e inclusivos. “Estamos trabalhando bastante, construindo pontes com parceiros e com o poder público e com certeza, a conferência será um marco para nossa cidade.”
Para ela, a conferência representa uma virada simbólica e prática, sendo a afirmação que a população LGBTQIA+ faz parte da cidade, da sociedade e da democracia. “Pessoas LGBTQIA+ não podem ser lembradas apenas em momentos festivos ou sob estereótipos. Elas estão nas escolas, nas empresas, nos serviços públicos, nas famílias. São cidadãos e cidadãs com deveres, mas que muitas vezes veem seus direitos negados ou ignorados.”
“É inaceitável que, em pleno 2025, pessoas ainda sofram agressões físicas, morais e institucionais apenas por serem quem são. Ao promover um espaço de escuta qualificada e construção coletiva de propostas, pretendemos tirar essa população da invisibilidade e transformar suas vivências em políticas públicas concretas”, indigna-se Dra. Isis.
“Estamos falando de acesso digno à saúde, à educação, ao mercado de trabalho, à segurança e à justiça. Estamos falando de garantir o básico: o direito de existir, viver e prosperar sem medo”, diz a advogada. Ainda segundo ela, durante a conferência também serão eleitos os delegados e delegadas que representarão Itu na etapa estadual. Além disso, serão elaboradas propostas concretas de políticas públicas, que integrarão o debate estadual e, futuramente, nacional.
“Trata-se de uma oportunidade ímpar para que a realidade local contribua diretamente com a formulação de diretrizes que impactem todo o país. Itu, infelizmente, ainda carrega marcas do conservadorismo e da desigualdade. Mas justamente por isso, realizar essa conferência aqui tem um peso ainda maior”, desabafa a diretora.
Dra. Isis destaca que a conferência é um convite aberto à toda população ituana, porque o enfrentamento ao preconceito e à discriminação não é responsabilidade apenas das pessoas LGBTQIA+. “É um dever coletivo, de todos que acreditam na democracia, na justiça social e nos direitos humanos.”
“A conferência é um gesto de reparação, de afirmação e de esperança. É o começo de uma Itu onde ninguém precise mais escolher entre ser quem é e viver em paz. Que esse seja o primeiro de muitos passos rumo a uma cidade onde todos possam existir com orgulho, dignidade e pertencimento”, conclui a advogada.
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