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“Baile das Tchucas” não tinha autorização para ser realizado, segundo Prefeitura e PM

Na madrugada de sábado (20) para domingo (21), os moradores da zona rural de Itu tiveram horas de transtornos devido a uma festa denominada “Baile das Tchucas”.

De acordo com relatos, o som alto e fogos de artifício puderam ser ouvidos até mesmo na área urbana da cidade, deixando diversos ituanos sem conseguir dormir.

“Essa festa foi na madrugada de sábado em Itu, moradores da região do Chácaras Flórida, Potiguara, Santa Inês, Vila Real e zona rural não conseguiram dormir. O pessoal já está planejando outra e ainda tirando onda de quem reclamou”, afirmou à reportagem do Periscópio um dos residentes na região,  Alessandro Mazaro.

Nas redes sociais, os organizadores do evento reagiram com ironia às reclamações dos moradores. Descrito como “o melhor baile fechado já visto no interior de São Paulo”, o “Baile das Tchucas” foi promovido pelo Instagram (em uma conta com mais de 18 mil seguidores) e através de grupos no WhatsApp.

O som partiu do chamado “Caminhão Tenebroso”, um veículo equipado com uma potente aparelhagem de som. “Quem não ouviu está sem ouvido”, ironizaram os organizadores. As músicas seriam de conotação sexual e a festa teria com diversos menores de idade, com uso de bebida alcoólica e entorpecentes.

O JP conversou com outra moradora da região, a advogada Dra. Priscila Castro B. Rugolo. De acordo com a profissional, os moradores fizeram boletins de ocorrência, comunicando o que aconteceu para poder juntar o máximo de pessoas possível para que a polícia tome alguma providência. 

“Para que seja instaurado um inquérito policial, para que o proprietário da chácara seja chamado, pois houve sim perturbação do sossego e ele precisa entender que não pode fazer esse tipo de locação, colocando em risco todas as pessoas da região, pois foi um evento muito grande como a gente pode ver na internet e que tem uma página [nas redes sociais] teve lotação máxima”, afirmou

“A gente sabe que eventos assim envolvem concessionária, ambulância, bombeiros, licenças e o evento teve o seu local divulgado horas antes e foi intitulado como ‘retorno’, dando a entender que pode ter outros. Ficaram lá durante toda a madrugada fazendo sabe-se lá o que, colocando em risco as pessoas da região. Com certeza deve ter tido bebida alcoólica e outras ‘coisinhas’ e isso é bem preocupante”, prossegue Dra. Priscila.

“Não podemos deixar que a nossa cidade se torne reduto desse tipo de evento, sem autorização, sem segurança, sem controle. O pessoal ficou bem indignado e espero juntar o maior número possível de boletim de ocorrências para conversar na Delegacia e pedir providências”, acrescenta a advogada.

O que dizem as autoridades

Em nota à imprensa, a Polícia Militar informa que esteve no local da festa orientando os organizadores do evento quanto às solicitações dos vizinhos por conta do som excessivo. “Por tratar-se de evento não autorizado pelos órgãos competentes e considerando o número de frequentadores no local, mais de duzentas pessoas, as equipes da Polícia Militar priorizaram a orientação, evitando dispersar o público local e situações como correria, confronto ou pisoteamento”, afirmou em nota.

O JP esteve em contato com a Polícia Civil, que confirmou o registro de diversos boletins de ocorrência e informou que irá ouvir os moradores reclamantes, iniciando as investigações para saber quem são os organizadores da festa e se havia autorização para a realização do evento.

Questionada pela reportagem, a Prefeitura de Itu informou, por meio de seu Departamento de Fiscalização, que não foi procurada oficialmente para a liberação do evento e que, diante das reclamações, está tomando as medidas cabíveis.

Proprietário relata prejuízos

O Periscópio também esteve em contato com Nilton Santos, proprietário da Chácara Recanto da Lua, situada na Estrada do Jacuhú, local em que foi realizado o “Baile das Tchucas”.

De acordo com Nilton, quando ele alugou o espaço para a organização do evento, não sabia qual seria a finalidade. “Disseram que estavam alugando para fazer um ‘churrasquinho’, mas na verdade, infelizmente, foi aquela desgraça toda”, lamenta.

Nilton comenta ainda que teve diversos prejuízos. “Colocaram fogo na suíte e na casa das máquinas debaixo da piscina. Também arrebentaram cercas próximas ao campo de futebol, estragaram todo o campo de futebol, fizeram uma desgraça”, desabafa.

O aluguel da chácara, de acordo com documentos enviados pelo proprietário do espaço ao JP, estava em nome de Willian H. M. Lemos. O Periscópio tentou contato com Lemos, que seria um dos organizadores do evento, porém, até o fechamento desta matéria, não obteve retorno.

Nas redes sociais, os organizadores do baile afirmaram que o evento deste fim de semana foi apenas o “retorno” e já prometem uma nova data.

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