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Saúde em Foco: O que as crianças deveriam aprender na escola – 2ª parte

Por Dr. Eneas Rocco*

Na coluna do último sábado, ressaltamos a deterioração do ensino ministrado em nossas escolas. Ir para a escola nas últimas décadas, parece ser um tipo de punição, só cumprida, ante a ameaça de alguma penalidade, como a perda da bolsa família. Como esperar que haja bons resultados nessas circunstâncias? Será que o problema está nas nossas crianças? Ou será que, o que se oferece não empolga?

O cumprimento das regras básicas do convívio social, têm sido impostas em nosso meio, em substituição aos ensinamentos. Em geral, quando se pretende dar uniformidade no comportamento das pessoas, são aplicadas punições; em geral pecuniárias. Foi assim com o uso de cinto de segurança e com os excessos no trânsito. 

Esse fato reflete a total falta de conhecimento por parte da sociedade. As melhores práticas são mal compreendidas, pois sua importância não veio no momento certo, que é quando nosso cérebro capta todas as informações.

A professora Debora Rocco, da Universidade Santa Cecília de Santos, faz as seguintes reflexões: “Entre outras ações praticáveis no ambiente escolar, a atividade física diária pelo curto período de vinte minutos, seria suficiente para estimular regiões do cérebro importantes no processo de aprendizagem. Nos países desenvolvidos na área educacional como a Inglaterra, já é uma realidade a prática diária de atividades físicas lúdicas variadas. Em nosso meio seguimos com a aula de educação física duas vezes por semana, restritas ao velho jogo de futebol, que não atrai muitos dos estudantes, em especial as meninas”.

A prática do exercício físico precisa ser inserida nos primeiros anos escolares. O conceito de movimentar-se, seria muito bem mais incorporado, e praticado naturalmente durante a vida, se sua prática fosse introduzida durante a infância. 

Ainda em relação às questões preventivas, há outros tópicos importantes a serem abordados nos anos de formação, como a saúde dental, a postura corporal, importante na prevenção de lesões músculo-esqueléticas, a alimentação balanceada, a prevenção de vícios como fumar, ingerir bebidas alcoólicas, e consumir drogas ilícitas; matérias que deveriam fazer parte da grade da educação básica. A lista é muito longa e não faltaria assunto pois cuidar da saúde é um tema de todos os dias. 

Ainda sobre o melhor desenvolvimento do ensino, a professora Débora destaca outros pontos relevantes: “O horário de início das aulas é impróprio para determinadas faixas etárias.  Para entrar em aula às sete horas da manhã é preciso acordar muito cedo, e essa rotina interfere no ciclo hormonal do adolescente. Trabalhos científicos sugerem que nessa faixa etária, existe um comportamento diferente dos hormônios relacionados ao período do sono, resultando em mal aproveitamento dos conteúdos e na alteração do humor”. E acrescenta, “ainda vale salientar que se poderia investir na sensibilidade dos alunos, através da valorização das artes na escola”. 

A inclusão de materiais de conteúdo humano, em última análise, além de trazer leveza à prática docente, promoveriam uma reviravolta no modo de ser das pessoas. Falamos aqui do autocuidado, da promoção da saúde com menos dores na velhice, da melhor aptidão física e qualidade de vida. Falamos do respeito às pessoas e ao planeta. Falamos sobre oferecer uma maior atenção ao aluno, estimulando aspectos de sua adaptação à escola, à sociedade, e a vida adulta, que será o período mais longo de sua existência. Não resta dúvida que evoluiríamos, rumo a um país mais digno, melhor para se viver e com pessoas mais felizes. Boa semana a todos.

*Dr. Eneas Rocco (CREMESP 25643) é formado pela Faculdade de Medicina da PUC-SP – Campus Sorocaba, com especialização pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e Hospital Matarazzo de São Paulo.

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