Entre 14 de fevereiro e 28 de março deste ano, vive-se o Tempo da Quaresma. Trata-se do período de 40 dias de preparação para a celebração da Páscoa. Tradicionalmente os católicos fazem penitência na quaresma como forma de reflexão.
Algumas das ações que podem ser feitas durante a Quaresma: oração, confissão, meditação, jejum, visita a doentes, frequentar a Santa Missa e dar esmolas, entre outras. Algumas coisas que são evitadas no período: comer carne vermelha, práticas pecaminosas e excessos como alimentares, financeiros e outros.
A peregrinação de romeiros para Pirapora do Bom Jesus também é uma prática que faz parte da tradição, onde as pessoas vão àquela cidade, no Santuário, a pé, a cavalo, bicicletas e em charretes. Muitos dos que vão a pé, carregam cruzes, evidenciando a penitência.
O Periscópio contatou alguns católicos que falam a respeito do Tempo da Quaresma e sobre a diminuição da prática principalmente por parte dos mais jovens.
Para Edson Dias Furtado, 55 anos, químico industrial e consultor técnico de produção, “o Tempo da Quaresma significa um período de jejum e preparação cristã que antecede a Páscoa, que dedicamos para a reflexão sobre nossa vida espiritual”. Ele afirma que “normalmente dedicamos esses dias com maior ênfase para a parte de jejum, oração, esmola e penitência, para ficarmos mais fortes na parte espiritual”.
Edinho faz sua penitência: “A minha parte, como penitência, e visita aos doentes e jejum, diminuindo ou abstendo-me de coisas que mais gostamos, como por exemplo, comida e bebida, para que este ato nos traga fortaleza de espírito”.
Sobre os jovens, Edinho lamenta que “essa tradição católica está se acabando de geração para geração cada vez mais, pois meus pais eram muito mais fervorosos nessa prática. Minha geração diminuiu um pouco e vejo com meu filho uma prática menos fervorosa”.
O empresário Célio Francischinelli, 42 anos, diz que “é um período de preparação para a celebração da Páscoa, que é marcado por práticas de penitências e obras de caridade, significa recordar Cristo que foi crucificado. Eu e minha esposa somos praticantes e guardamos a quarta-feira de cinzas e a sexta-feira Santa com jejum e abstinência de carne”.
Ele ressalta que “em nossa família esta prática já vem passando de geração em geração. Este ano estou fazendo abstinência de bebida alcoólica e obras de caridade”.
Sobre a juventude sua opinião é que “é muito triste ver que poucos praticam, ou até mesmo não são ensinados pelos pais e familiares a praticar e respeitar a Quaresma. Fico contente quando vejo um jovem vivenciando e respeitando o tempo quaresmal assim como todos os ensinamentos da Igreja Católica Apostólica Romana”, completa.
José Emiliano da Silva, 55 anos, aposentado, não difere dos demais na visão sobre o período. “Ao meu ver o Tempo da Quaresma é para fazermos uma reflexão do que estamos vivendo, pois eu e minha esposa fazemos sempre uma penitência. Cada um de nós faz a sua. Já fazemos há muitos anos e não sei dizer quanto tempo e sempre na quinta-feira Santa vou a pé para a cidade de Pirapora de Bom Jesus”. Emiliano, entretanto, diz que “não vou para pagar promessa e sim para agradecer o que recebo de coisas boas em minha vida”.
Fazemos também em nossa comunidade (Condomínio Aldeia de Espanha) nossa Campanha da Fraternidade e Via Sacra todos os anos sem contar que rezamos o Terço todas as terças-feiras. Pois achamos que estamos, de algum modo, evangelizando”.
Em relação aos jovens “no qual também incluo meus filhos, estamos com muita dificuldade de evangelizar, por causa da Internet, que hoje em dia não agrega nada na vida deles, mas temos muita fé que o nosso exemplo de vida irá ajudar a mudar essa situação que vivemos”, finaliza.
O analista de RH Matheus Batalha, 33 anos, considera a Quaresma “um período muito importante para o cristão. É onde temos a oportunidade de nos preparar para a Páscoa”.
Matheus afirma que pratica durante o período “o hábito de abster-me de algum alimento e procuro melhorar a oração que já fazemos no dia a dia. Eu tenho feito isso há pelo menos 15 anos e entendo que é a melhor maneira de celebrar a ressurreição de Cristo”.
Com relação a atitude dos jovens com relação a essa tradição cristã, a visão de Matheus é otimista: “vejo que com a facilidade das redes sociais, existe um movimento de incentivo a preparação da Páscoa, como por exemplo lives com rosário e pregações”.
Aline Aparecida de Paula Martins, 34 anos, autônoma revela que “eu vejo o Tempo da Quaresma como um tempo de muita comunhão, oração, silêncio, jejum, um tempo de a gente olhar não só para as nossas necessidades, pois na maioria das vezes nós somos egoístas e só olhamos para aquilo que nos falta, quando na verdade nos falta muito pouco e a gente se esquece de olhar para nossos irmãos”.
Ela entende que as ações das pessoas, principalmente de ajuda ao próximo, teria de ser uma constante no dia a dia das pessoas. “Isso é algo que procuro fazer sempre, mas principalmente na Quaresma”, ressalta.
Católica praticante desde criança, Aline diz que “procuro seguir todos os preceitos, começando pela quarta-feira de Cinzas, indo à Missa, deixando de comer carne nas quartas e sextas-feiras, eu não lavo e não passo roupa de quartas e sextas-feiras. Esse ano a minha penitência é de não comer doces. Sou doida por chocolates e não vou comer nesta Quaresma”, revela lembrando que “não abro mão das orações, das preces”.
Aline conta que a família inteira guarda o Tempo da Quaresma. “cada um tem as suas escolhas, cada um as suas penitências e eu procuro também dar uma desacelerada, levando esses dias com mais silêncio, mais calma”. Ela orgulha-se de estar seguindo, o que aprendeu com os pais, os avós…
Com relação aos jovens, “eu acompanho muito o crescimento dos jovens na Igreja. Pertenço a Comunidade de Nossa Senhora Aparecida e vejo que os jovens estão acompanhando muito e isso é bonito. Neste momento eu vejo um empenho muito grande das pessoas à minha volta”, alegra-se.
Finalizando, ela diz que “temos muitos jovens, temos boas sementes que ainda não encontraram o caminho, mas eu acredito que no tempo certo e hora certa vão encontrar o chamado de Deus”.
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