Este tema, infelizmente, ainda é um tabu para muitas pessoas – a violência sexual contra crianças e adolescentes. Por ser um assunto pouco falado (pouco perto de sua importância), crianças e adolescentes são menos informados e orientados do que deveriam ser.
Este tipo de violência pode ocorrer de duas formas: abuso sexual ou exploração sexual comercial. O primeiro pode ser perpetrado por membros da própria família ou pessoas próximas (intrafamiliar) ou por pessoas não próximas à família (extrafamiliar). Já a exploração sexual comercial, como o nome já diz, é quando o abuso sexual é realizado por exploradores sexuais (intra ou extrafamiliar) para fins comerciais – prostituição, pornografia etc.
De acordo com a OMS – Organização Mundial da Saúde, o abuso sexual contra crianças e adolescentes consiste no envolvimento destes em atividade sexual para a qual eles não estão preparados ou são incapazes de dar consentimento informado. Ocorre quando a vítima é submetida a práticas sexuais por um adulto (ou mesmo outra criança/adolescente) que esteja em posição de responsabilidade ou poder sobre ela.
O abuso sexual pode ocorrer com ou sem contato físico. No primeiro caso, por meio de carícias em órgãos sexuais ou outras partes do corpo e/ou tentativas de beijos e relações sexuais forçadas. No segundo, por meio de assédio (propostas sexuais, ameaças, chantagens, conversas de conteúdo sexual, exibição de material pornográfico etc).
De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, entre as crianças vítimas de violência sexual, 74,2% são do sexo feminino e 51,2% têm idades entre 1 e 5 anos. Com relação aos agressores, 81,6% são do sexo masculino e 37% têm vínculo familiar com a vítima. Dos casos notificados, 69,2% ocorreram na residência. Já entre os adolescentes, 92,4% são do sexo feminino e 67.8% têm entre 10 e 14 anos de idade. Com relação aos agressores, 92,4% são do sexo masculino e 38,4% têm vínculo familiar com a vítima. Dos casos notificados, 58,2% ocorreram na residência.
A violência sexual na infância e adolescência pode ter consequências graves em saúde mental. Quanto antes for denunciada e a vítima protegida, consequências piores poderão ser evitadas. É comum que as vítimas sintam-se culpadas pela própria violência sofrida. Além disso, a proximidade afetiva com o agressor e o sentimento de vergonha, somados ao medo e sentimento de desproteção e impotência estão associados à subnotificação dos casos, o que dificulta a prevenção.
Esses dados são chocantes e, por isso, precisamos falar sobre o tema. Você, mãe ou pai, esteja atento! O abuso sexual pode ocorrer não apenas pessoalmente, mas também por meios digitais. Também pode ocorrer dentro da sua própria casa, por amigos e pessoas de sua própria família. Geralmente, as vítimas são chantageadas e ameaçadas, sentindo-se desprotegidas e impotentes. Fique atento às mudanças de comportamento e falas de seu filho. Trate este assunto em sua casa como algo importante e não como um tabu. Desde cedo, ensine seu filho a respeitar o outro e a não permitir ser desrespeitado, acariciado e tocado em suas partes íntimas, assim como a não permitir ser abraçado ou beijado sem seu consentimento. Crianças e adolescentes bem informados e orientados apresentam maiores condições de se protegerem e denunciarem possíveis abusos.
O livro “Pipo e Fifi”, de autoria de Caroline Arcari (entre outros livros) é facilmente encontrado na internet e auxilia muito, de forma lúdica e facilmente compreendida, na orientação de crianças pequenas com relação à prevenção da violência sexual.
Para denunciar, o Disque 100 é o canal do Governo Federal para este fim. Se você souber de qualquer caso de violência sexual contra crianças ou adolescentes, denuncie! Sua denúncia será anônima, sua identidade preservada e a vítima terá chance de ser amparada e protegida.
Dinorá de Paiva Anastacio
Psicóloga da infância e adolescência
CRP: 06/88549
Instagram: @dinorapsicologa
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Publicado em March 27, 2023.
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