Está aí um tema que preocupa muitas mães e pais – o uso de telas. Em primeiro lugar, eu quero dizer que telas e tecnologia estão cada vez mais presentes em nossas vidas. Nós, adultos, usamos esses recursos não apenas como entretenimento, mas também como trabalho. Portanto, não será algo que conseguiremos extinguir, mas deve ser algo que podemos (e devemos) administrar com equilíbrio.
Para conseguir administrar isso, precisamos focar não apenas no comportamento dos filhos, mas na rotina de toda a família. Eu jamais conseguirei reduzir o tempo de tela do meu filho se eu não conseguir reduzir o meu próprio tempo de tela. Todos que moram dentro da casa devem estabelecer juntos uma rotina. Juntos? Isso mesmo. Que tal reunir todos, incluindo as crianças/adolescentes para definirem a nova rotina e as novas regras? Quando eles participam dessas decisões, eles se sentem pertencentes, importantes e muito mais motivados em executá-las. A regra central dessa reunião em família, porém, é que toda regra definida deverá ser benéfica para todos e levar em conta os deveres e necessidades de todos. Por exemplo: o uso de telas da criança/adolescente não poderá atrapalhar o dever de casa, o tempo de sono (tão necessário à saúde e aprendizagem) e o momento de lazer em família.
Vários estudos têm sido realizados para descobrir os malefícios do uso de telas. Porém, o que temos certeza é que a tecnologia estará cada vez mais presente em nosso dia-a-dia. Não dá para lutar contra, mas dá para usá-la a nosso favor, com equilíbrio e bom senso.
É um consenso entre os estudiosos no assunto que o excesso de telas pode prejudicar o desenvolvimento cognitivo e socioemocional de uma criança. Por quê? Quanto mais tempo em telas, menos tempo será dedicado ao brincar: correr, pular, jogar bola, utilizar brinquedos, jogos tradicionais etc. E é pelo brincar, principalmente o brincar em grupo, que a criança desenvolverá coordenação motora, criatividade, capacidade de resolução de problemas, paciência, empatia, respeito a regras, tolerância a frustrações, entre tantas outras habilidades. Além disso, o excesso de estímulos prazerosos possibilitados pelo uso de telas faz com que o cérebro da criança “se acostume” com altas recompensas, podendo levar a uma dificuldade maior em dedicar-se a tarefas mais difíceis e menos prazerosas.
Eu sei que é difícil administrar tudo isso. Ainda mais atualmente, quando os pais precisam trabalhar muito e crianças e adolescentes estão cada vez mais “presos” dentro de casa, devido a vários fatores como urbanização e perigos externos. O uso de telas não precisa e não deve ser um vilão, mas se utilizado de maneira saudável e equilibrada, não trará malefícios a seu filho. Pelo contrário, o uso de telas pode ser canalizado de maneira positiva, propiciando aprendizagens incríveis, desde que você consiga direcionar isso de maneira adequada e equilibrada.
Faça o melhor que você pode, dentro da sua realidade familiar (que é bem diferente da realidade de seu amigo ou vizinho), certo? Não se compare, se culpe menos e, se não estiver dando conta, busque ajuda.
Dinorá de Paiva Anastacio
Psicóloga da Infância e adolescência
CRP: 06/88549
Instagram: @dinorapsicologa
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Publicado em January 30, 2023.
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