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Ópera ituana é apresentada em Tatuí/SP

Rondó Final da ópera apresentada em 7 de dezembro de 2022, em Tatuí (Foto: Fernanda de Francisco/Divulgação)

O Museu da Música – Itu guarda, em seu acervo, a preciosa partitura da primeira ópera brasileira escrita em língua portuguesa por um brasileiro e justamente em Itu. Trata-se de “A Noite de São João”, escrita em 1858 por Elias Álvares Lobo (1834 – 1901) e apresentada na Corte de D. Pedro II no Rio de Janeiro.

A obra musical, escrita sobre libreto de José de Alencar, ficou  guardada por 150 anos em  arquivos da família Lobo e Belculfiné, em Itu, até que veio para o Museu da Música, onde começou a ser divulgada em trechos pelo Coral Vozes de Itu. Mas uma parceria entre o museu mantido pelo Instituto Cultural de Itu e o Conservatório Dramático e Musical Carlos de Campos, de Tatuí/SP, permitiu que ela voltasse à vida integralmente. 

Ao conhecer a biografia do compositor, “Elias Álvares Lobo, um momento na música brasileira”, lançada em 2001 pelo Prof. Luís Roberto de Francisco, atual curador do Museu da Música, o maestro Emmanuele Baldini, violinista, Spalla da OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) e Regente Titular da Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí, se entusiasmou com o projeto de montagem da ópera. O Museu da Música fez a digitalização das partituras originais para piano e canto, que foram orquestradas novamente pelo compositor Mateus Araújo. A direção cênica coube a Rosana Orsini Brescia. 

Os cantores Luciano Botelho, Flávia Albano, Cecília Massa e Isaque Oliveira interpretaram os papéis dos personagens Inês e Carlos, que no melodrama são primos que se apaixonam, mas não podem se casar pois o pai (André) os impedia, até que uma cigana  (Joana) interfere na história. A comédia se passa no interior do Rio de Janeiro durante uma noite de São João. 

Após a montagem de 1860, cuja primeira récita foi regida por Carlos Gomes em 14 de dezembro na presença do imperador D. Pedro II, a obra jamais foi feita e se tornou somente uma referência histórica. 

A apresentação da última quarta-feira (07) lotou o Teatro Procópio Ferreira. Além de descendentes do maestro Elias Lobo, estavam presentes cerca de trinta pessoas de Itu, entre cantores do Coral Vozes de Itu, associados do Instituto Cultural e do  Museu da Música que celebra seus quinze anos de vida com esta data histórica. 

Elias Álvares Lobo está sepultado no cemitério municipal de Itu desde 2014, quando uma ação conjunta entre a família e a cidade permitiu que os seus restos viessem repousar na terra em que ele nasceu. Além de músico, o compositor participou da Convenção Republicana de 1873 e será lembrado no próximo ano, quando se celebram 150 anos desse evento importante. Elias foi um nacionalista que ousou imprimir um caráter local na música de cena, inclusive usando a língua portuguesa e a viola caipira em uma obra de música lírica. 

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