Servidoras pedem mudança na nomenclatura e melhores condições de trabalho
Auxiliares e monitoras de creches sinalizam uma paralisação caso a Secretaria Municipal de Educação e a Prefeitura de Itu não atendam às suas reivindicações para que haja melhorias nas condições de trabalho.
Segundo algumas servidoras que entraram em contato com a redação do Jornal de Itu, e não querem se identificar por medo de retaliação, a situação em que elas trabalham chega a ser desumano. “Tem salas com apenas uma auxiliar para cuidar de 20 crianças. Estamos exaustas”, disseram.
Segundo elas, neste ano não houve o período de adaptação para os alunos mais novos. “As crianças choram o dia todo, e muitas delas, bebês de 4, 5 meses não aceitam nenhuma refeição e não podemos ligar para os pais irem buscar”, contam. “O lema que trabalham é sempre a criança em primeiro lugar, mas acho que ela está em último lugar”, lamenta.
As servidoras relatam ainda que antes era permitido buscar as crianças na creche às 11h30, mas agora só pode sair da unidade escolar às 16h, o que torna o trabalho das auxiliares e monitoras desgastante. “Quando a criança podia ir embora às 11h30, no período da tarde ficavam menos crianças para gente cuidar e conseguíamos dar mais atenção aos alunos”.
Reinvindicações
Entre as reinvindicações estão a volta da adaptação escolar, diminuição da carga horária, aumento salarial, além da mudança da nomenclatura para ADI (Auxiliar de Desenvolvimento Infantil).
“Antes era carga horária de 6 horas. Hoje estamos trabalhando 8 horas diárias e temos o pior salário da região. As auxiliares ganham um salário mínimo e as monitoras apenas R$ 1.746,00, enquanto nas cidades vizinhas as auxiliares ganham R$ 1.500 para trabalhar 6 horas diárias”, afirmam as servidoras.
Além disso, elas alegam que há superlotação nas creches, falta de funcionários em todas as unidades escolares do munícipio e afirmam que isso vem ocorrendo há muitos anos. “Quando o professor falta e não tem substituto nós assumimos a sala. Ainda, além de cuidar das crianças as auxiliares também tem que cuidar da limpeza da sala o que dificulta ainda mais o andamento do trabalho”, afirmam.
As monitoras também querem mudança na nomenclatura da classe para ADI, pois desta forma elas teriam melhores salários, menor carga horária de trabalho, além de serem reconhecidas por parte da Administração Municipal. “Para eles somos apenas números. Não veem que muitas de nós estamos ficando doente devido à sobrecarga tanto de trabalho quanto de responsabilidade”.
Necessidades especiais
Além de todos os problemas citados acima, as servidoras ainda relatam a falta de treinamento para poder acompanhar os alunos especiais. “As crianças com necessidades especiais precisam de uma atenção maior e nem recebemos treinamentos para pelo menos saber trabalhar com elas”, disseram. “Tudo é feio da maneira que achamos ser correto”, completa.
E na pandemia tudo ficou pior. Devido a doença muitos profissionais da educação precisaram se afastar por um período. “Há muitos de casos de pessoas com Covid-19 que continuam em suas atividades presenciais e isso não é comunicado aos pais das crianças”, afirmam.
Além das auxiliares e monitoras, professoras também reclamam da falta de auxílio financeiro nas escolas. “Por exemplo, na minha sala não tinha um relógio de parede que é importante para trabalhar hora com os alunos. Pedi para a direção da escola e me disseram que não tinham dinheiro. Então eu acabei usando o meu dinheiro para comprar, assim como também já usei para comprar folhas de sulfite”, conta. “Nós, professores, acabamos colocando nosso dinheiro dentro da escola, sendo que é responsabilidade da Prefeitura. Porém chegamos num ponto que cansamos de pedir ajuda e começamos a resolver do nosso jeito, de outras maneiras”, lamenta.
Em janeiro, o Jornal de Itu já tinha mostrado as reinvindicações das servidoras.
Questionamos a Prefeitura, mas não tivemos retorno.
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Publicado em February 24, 2022.
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