Ele nasceu no Paraná, mas foi em Itu que construiu toda sua vida, a partir dos 9 anos. Aqui cresceu, foi o terror das escolas – convidado a se retirar de várias, sofreu a grande dor de sua vida ao perder seu pai e vivenciou suas maiores alegrias: viu seus dois filhos nascerem. Mesmo trabalhando em São Paulo, nunca se mudou daqui.
Você se engana se pensa que eu já contei quase toda a história no primeiro parágrafo: Pedro Henrique Brustolin dos Reis, ou simplesmente Pedrinho, poderia escrever um livro: tem muita história para contar e as conta com paixão. Vive intensamente. “O meu medo maior não é de morrer, é de não viver”, diz ele, aos 40 anos.
A sua ousadia lhe rendeu um cargo que poucos alcançam: é, dentro da Polícia Civil do Estado de São Paulo, um dos cinco snipers do GER (Grupo Especial de Reação). “Sempre me destaquei em tiro, sempre treinei muito: ser um snipers não é algo que você escolhe, alguém te escolhe”, conta. Ele hoje tem um clube de tiro na cidade.
Filho de policial, viu o pai morrer em um momento de folga. “Ele estava em um supermercado na Cidade Nova: o local foi assaltado, ele atirou e foi atingido. Foi uma época muito difícil, dependemos de familiares para nos ajudar, eu tinha só 16 anos. Mas meu pai levava eu para atirar desde os 8, então eu já nasci policial e nunca perdi essa vontade. Acho até que esta dor me ajudou a ser mais forte. Eu reprovei na prova de admissão várias vezes, mas na última eu fiquei um ano estudando e passei”.
Recentemente, vivenciou uma situação inusitada, que parece cena de filme de ação: estava com a família, cada um com um carro, voltando de São Paulo, quando percebeu um veículo com um movimento estranho na Rodovia Castello Branco, em zig zag. Enquanto perseguia o veículo, sua família, sem saber o que acontecia, o seguia. O carro era de uma quadrilha que havia acabado de roubar o Catarina Outlet é que tinha, dias antes, roubado uma joalheria em Sorocaba. No total, já tinham feito roubo a mais de dez joalherias.
Ele seguiu o carro, viu que tinham cinco caras em um outro carro que parou em um estacionamento em um posto de gasolina, e metralhou os veículos. Um fugiu para dentro de um restaurante e foi preso. “Baleei três bandidos que estavam no carro: dois baleados foram presos e quatro fugiram, entre eles um baleado. Eu e minha equipe já pegamos dois dos quatro que fugiram”.
Em uma outra ocorrência, sua família também estava junta: ao parar em uma loja de conveniência com todos no carro, viu que o local estava sendo assaltado. Os dois ladrões morreram. “Eles eram bandidos, mas as famílias não, são de Itu, então prefiro respeitar e não contar detalhes”
Já atuou em diversos grupos especiais da Polícia, como Garra, Equipe anti sequestro e combate a narcóticos. Histórias de combate são centenas. “Eu gosto do jogo”. Com apenas três meses de formado, explodiu os ataques de uma facção criminosa em SP, em 2006. “Eu me inscrevi como voluntário para ir para a rua todos os dias. Eu queria encontrá-los”. Ele recorda que em uma semana, 40 policiais foram mortos. “Mas a polícia matou 400, 500, não tinha espaço no IML. Eu, infelizmente, não encontrei nenhum”.
Acompanhou resgates de sequestros e diversas outras ocorrências, incluindo os ataques do momento: explosões de caixas eletrônicos. “Eu estava de férias, em casa à noite, com febre, quando eu vi que havia uma ligação sido interceptada e sabiam que um banco de São Roque seria atacado. Eu liguei para o meu chefe e disse: estou indo! Eu dei sorte que na agência onde eu fiquei era a do ataque. Houve uma intensa troca de tiros por cerca de 40 minutos, todos de fuzil, tanto nós quanto eles. Foram recolhidos, na rua, quase mil cartuchos de munição deflagrada. Uma câmera de segurança pegou eu atrás de um poste e de manhã as imagens já estavam em todos os jornais”.
Apesar da ousadia, coragem e paixão pelo que faz, ele diz que não tem orgulho. “Tudo que eu faço não é como Pedrinho, mas representando o Estado. Eu não sou um super policial, algo assim: eu já consegui sair de situações perigosas, mas talvez, se acontecer de novo, eu não consiga. O que me dá força é meu grupo, que é muito preparado: dos 40 policiais, 31 são faixa-preta em Jiu-Jitsu”.
Além disso, participa de competições internacionais e viaja, todos os anos para outros países, como Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos e África do Sul. “Eu acho que os homens de hoje estão muito fracos, homem tem que ser criado para o combate, é da nossa natureza. Queria concluir com essa frase: Tempos difíceis fazem os homens fortes, homens fortes criam tempos fáceis, tempos fáceis fazem homens fracos, e homens fracos, criam tempos difíceis!”.
(Texto: Rosana Bueno Fotos: Arquivo Pessoal/Jornal de Itu)
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Publicado em February 1, 2022.
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