Desde novembro, relatamos o drama dos funcionários da Santa Casa de Itu. A Prefeitura requereu, através de um decreto, a gestão administrativa do local (inclusive da capela) da Irmandade. Além disso, colocou de forma emergencial e sem aviso prévio uma empresa para administrar o local, o Instituto Nacional de Ciências e Saúde.
Em março deste ano, o INCS entrou na justiça pois a Prefeitura teria deixado de repassar cerca de R$ 7,5 milhões. A justiça chegou a determinar o pagamento, e a Prefeitura não entrou com recursos para contentar que o valor não seria esse.
O INCS teve o contrato rompido pela Prefeitura há 12 dias e saiu da gestão sem pagar médicos, fornecedores e demais funcionários. Alega que sem receber o repasse da Prefeitura não há como arcar com esses valores.
A própria juíza acabou revendo sua decisão, alegando que com uma nova gestão, também emergencial, da Irmandade São Bernardo do Campo, o local não corria mais risco de ficar sem atendimento.
Mas segundo alguns funcionários do local relataram para nossa reportagem, o atendimento dos pacientes está em risco. “Neste final de semana não havia médicos na UTI. Médicos do Hospital de Campanha atenderam a UTI, correndo risco de contaminarem os outros pacientes. Sem salários e sem um novo contrato de trabalho, os funcionários estão desmotivados e faltando bastante”, alerta.
Os médicos estão sem receber deste fevereiro e com a nova gestão, não teriam chegado a um acordo. “A nova empresa quer pagar um valor muito baixo de plantão, então a maioria saiu, eles já estava aguentando trabalhar há dois meses sem salário pela questão ética, pelos pacientes. Os funcionários que ficaram estão sem nenhum contrato. Suas carteiras foram pegas pelo INCS, dado baixa sem pagamento da rescisão, e pegas pela atual gestora há mais de uma semana, que até agora não devolveu. A nova empresa não assinou nenhum contrato, deixando eles à mercê da própria sorte.
‘E se tivermos um acidente de trabalho? Não temos nenhuma segurança, não sabemos nem quanto será nosso salário, se vão nos readmitir. Vamos trabalhar pelos pacientes, mas temos contas para pagar, aluguel, comprar alimento para os nossos filhos”. Vale lembrar que a nova gestora foi contratada por apenas 45 dias.
A Rádio Convenção mostrou, no sábado, um casal que precisava de atendimento para um bebe de apenas 20 dias, foram orientados por médicos do UPA a irem até lá mas avisados de que não há pediatras. “Desde que a Prefeitura assumiu a Santa Casa, não há pediatras. Em casos urgentes, como a daquela criança que morreu pois um armário caiu em cima dela, é preciso médicos da UTI Neonatal virem atender. Ouvi falar que eles entraram no Ministério Público sobre isso, pois não cabe a eles esse atendimento”, conta uma funcionária.
Na manhã desta segunda-feira, 19, o Sindicato marcou uma manifestação, mas poucos funcionários compareceram.
Uma nova manifestação será feita nesta quinta-feira, a partir das 8h, saindo da Santa Casa e indo até a Prefeitura de Itu, atual responsável pelo local. “Pedimos apoio da população, pois falam tanto sobre a importância do nosso trabalho em meio a pandemia mas palmas não pagam nossos salários atrasados”, apelam os funcionários.
O Sindicato pediu uma audiência de conciliação no Ministério Público do Trabalho, ainda sem data marcada.
Entramos em contato com a Irmandade São Bernardo do Campo, mas não tivemos retorno. A Prefeitura alega que já pagou ao INCS “valor suficiente”, sem citar quanto foi esse valor.
O post Funcionários da Santa Casa reclamam salários e denunciam falta de médicos apareceu primeiro em Jornal de Itu.