
Motoristas de transporte por aplicativo voltaram a protestar em Sorocaba, nesta quarta-feira (17). Eles reivindicaram que as administradoras das ferramentas reajustem as taxas repassadas por cada corrida realizada. Pediram, ainda, a exclusão de duas categorias de viagem com baixas margens de lucro e melhorias nas condições de segurança.
Segundo Renato Monteiro, de 34 anos, integrante da Comissão Organizadora dos Motoristas de Aplicativo de Sorocaba (Comaps) e um dos organizadores do protesto, cerca de 300 condutores participam da carreata. A manifestação durou aproximadamente 4h30 e percorreu todas as regiões da cidade. O ato foi ocorreu a nível nacional.
Conforme Toledo, o protesto foi contra as empresas Uber e 99, especificamente. De acordo com ele, desde o início da operação dos aplicativos no Brasil, há quase sete anos, ambos não aumentaram a porcentagem dos repasses proporcionais aos condutores, referentes ao total bruto das viagens.
Hoje, na Uber, do valor total, o motorista recebe cerca de 82 centavos por quilômetro rodado e 14 centavos por cada minuto de duração do trajeto, informa Toledo. Já na 99, os valores são 87 e 15 centavos, respectivamente.
A quantia fica em torno de 30% do valor da corrida, informa Toledo. A falta de reajuste, afirma ele, afeta financeiramente os condutores e torna mais difícil o trabalho deles. O orçamento dos motoristas, fala o integrante Comaps, está mais comprometido, principalmente, devido aos recentes aumentos nos preços da gasolina e do diesel nas refinarias da Petrobrás. A alta já chegou ao consumidor final, nas bombas dos postos.
Com os combustíveis mais caros, os condutores gastam mais e têm prejuízos. Como os valores dos repasses estão congelados e, consequentemente, não acompanham os reajustes nos preços da gasolina e do diesel, os rendimentos dos trabalhadores do ramo permanecem inalterados. Desta forma, a margem de lucro deles cai.
A categoria pede elevação de 35%, ou 9 a 10 centavos, nos valores das corridas repassados pelas empresas. Segundo Toledo, as tarifas ideais seriam de 25 centavos por quilômetro e de 20 centavos por minuto rodado.
Os motoristas solicitam, ainda, que a Uber adote novamente a taxa mínima de R$ 1,50 para cada corrida. Anteriormente, lembra Toledo, ao iniciar uma viagem, havia a garantia quanto ao recebimento desse valor fixo. Porém, acrescenta ele, a operadora suspendeu o valor fixo e tornou os repasses variáveis. Assim, o valor recebido é menor. “Em um trajeto de dez quilômetros, por exemplo, o motorista ganha apenas centavos, visto que o valor não chega a R$ 1, e tem prejuízo”, exemplifica.
Além disso, a categoria quer a exclusão das modalidades Promo, da Uber, e Poupa, da 99. De acordo com Toledo, as duas são as mais baratas para o passageiro, mas geram o menor porcentual de lucro para o motorista. Elas rendem, detalha o membro da Comaps, em média, de 20 a 25% menos. A ideia dos condutores é que as categorias comecem pela Uber X e 99 POP, porque elas possuem taxas maiores.
Dificuldades
Participantes do protesto relataram dificuldades para continuar no ramo, por conta do déficit financeiro. Leandro Fernando Alves, 51 anos, trabalha para as duas operadoras há três anos e meio. Alves sustenta a esposa e o filho apenas com o dinheiro recebido dos aplicativos.
Para ele, está cada vez mais difícil se manter na profissão, sobretudo, por conta do não reajuste dos valores repassados pelas empresas. A situação é agravada pela alta nos preços dos combustíveis. “Se o combustível subir mais, vai ficar inviável para trabalharmos”’, considera.
A queda nos lucros também afetou as finanças de Vinicius Brassaroto, 33 anos. Ele igualmente atua nos dois aplicativos, há três anos e meio. Conforme Brassaroto, desde 2016, as empresas têm subido os valores das corridas para os passageiros. Porém, não elevam os repasses para os condutores. Por esse motivo, ele diz ter, mensalmente, defasagem de R$ 2 mil em seu orçamento. Devido à queda nos rendimentos, Brassaroto comenta estar com diversas contas atrasadas, como parcelas do próprio veículo usado para trabalhar, aluguel e cartão de crédito, pois não tem dinheiro suficiente para pagá-las.
Ele ressalta precisar de lucro maior não só para abastecer, mas, também, para realizar a manutenção do carro. Além disso, a verba é necessária para a compra de produtos de higiene usados na limpeza do veículo em meio à pandemia de Covid-19, a exemplo de álcool em gel e lisofórmio, para garantir a proteção dos passageiros. Em alguns momentos, conta ele, chegou a faltar dinheiro para adquirir esses itens.
Como alternativa para tentar driblar a crise, ganhar mais e melhorar, ao menos um pouco, a sua situação, Brassaroto dobrou a sua jornada de trabalho. Agora, em vez de oito horas diárias, roda durante 16. “Não tem para onde ‘correr’. As contas chegam”, reforça.
Segurança
Os manifestantes, cobraram, ainda, mais segurança. Conforme Brassaroto, eles quererem a disponibilização, antes do início da corrida, da informação sobre o destino do passageiro nos aplicativos. Igualmente solicitam a correção de problemas de funcionamento do botão de emergência das ferramentas.
Percurso
Os motoristas se reuniram às 8h, no Parque das Águas, no Jardim Abaete, na zona norte, e iniciaram a manifestação às 9h. Na sequência, passaram pelas avenidas Dom Aguirre, Afonso Vergueiro; Dr. Eugênio Salerno; Moreira César; e Cesário Mota. Na região central, o percurso foi finalizado na rua São Bento. Em seguida, os manifestantes foram para a avenida São Paulo, na zona leste. Na mesma região, circularam pela avenida Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes, onde fizeram uma concentração em frente à Prefeitura.
Posteriormente, seguiram pela rua Facens, passando pelas avenidas Fernando Stecca, Victor Andrew e General Motors, na zona industrial. Depois, foram para as avenidas Itavuvu; rua Major Gambeta; avenida Ipanema; rua Nelson Marques; rua Joaquim Gregório de Oliveira; avenida Adão Pereira de Camargo; rua Paulo Emanuel de Almeida; e rua Leondina Gonçalves Mobaier, na zona norte. Logo após, foram para a zona oeste e trafegaram pela rua Luiz Gonzaga do Nascimento, avenida Américo Figueiredo e avenida Santa Cruz. Na continuidade do trajeto, os condutores passaram pelas avenidas Américo de Carvalho, Washington Luiz, Caribe e Antônio Carlos Comitre, na zona sul. O percurso de volta foi feito a partir da Washington Luiz, passando pela Dom Aguirre, e acabou no Parque das Águas, onde começou. A carreata terminou por volta das 13h30.
O Cruzeiro do Sul questionou a Uber e a 99 sobre as reivindicações e reclamações feitas pelos motoristas e aguarda resposta. (Vinicius Camargo)
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O post “Motoristas de aplicativos voltam a protestar em Sorocaba” foi publicado em March 17, 2021 e pode ser visto originalmente diretamente na fonte Jornal Cruzeiro do Sul