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Bárbara, a vendedora de balas do semáforo da Santa Casa

Com a pele escura queimada pelo sol, o aspecto franzino, ela oferece bala para os motoristas que param no sinal vermelho. O olhar triste e a voz calma faz com que muitos nem comprem a guloseima, apenas doem algum dinheiro. Ela sorri e agradece.

Há mais de quatro anos ela está ali, na Rua José Pedro de Paula Leite, esquina com Rua Joaquim Borges, na Vila Nova, em Itu. Chegou quando o sinal vermelho entrou nas contas de casa: dois filhos para sustentar, hoje com 12 e 10 anos. Lembra quando um dos filhos a viu pela primeira vez e, surpreso e sem entender, disse: “Mãe, o que você está fazendo aqui? Vamos embora para casa…”Aquele dia foi marcante. “Eu vi as lágrimas nos olhos dele e prometi que iria lutar até o fim, todos os dias, por eles”.

Aos 31 anos, ela recorda que já realizou o sonho que hoje expõe em um cartaz junto com as balas: ter uma casa. “Era no Rio de Janeiro, aonde eu morava. A gente pagava parcelado, direto para o proprietário, ficava no quintal da casa dele mesmo, três cômodos. Ai viemos para cá, eu repassei a dívida para outra pessoa que iria pagar a minha parte depois, mas nunca mais pagou. Para eu ir até lá cobrar é muito caro…”

O cartaz tocou o coração de muitos, que ofereceram material de construção, mas e o terreno? “Aqui em Itu é tudo muito caro…” A ideia de expor seu sonho foi de um rapaz que passou e disse que ela deveria contar o motivo de estar sob chuva e sol. Agora, com inflamações nas articulações. O dia todo de pé, dói, mas dói mais quando uma mulher passou e cuspiu a frase: “você vendendo balas nunca vai comprar uma casa”. 

Frequentadora de um igreja evangélica, ela diz que “repreendeu”. “Os planos de Deus ninguém sabe. Um dia eu estava triste pois meu filho voltava a pé da escola, e eu não tinha como comprar uma bicicleta, no outro dia apareceu um homem aqui e doou duas bicicletas para os meus meninos”.

Recebe cesta básica de outro doador, e Bolsa Família. Recebeu Auxílio Emergencial? “Recebi os dois primeiros meses, depois meu celular bloqueou  por falta de crédito e eu não sei mexer direito, não recebi mais”. Ao falar das doações, ela chora. “Em Itu tem muita gente boa, se não fossem elas, a ajuda delas, não sei o que seria de mim”.

Emprego

Além da casa, ela sonha em ter um emprego. “Eu queria ser cuidadora de idoso, sabe, eu tenho paciência, carinho… eu vim para Itu para isso: cuidar da minha sogra. Ela tinha sete filhos, mas nenhum podia. Eu fiquei cinco anos cuidando dela, era cadeirante. Morava na casa dela, depois que ela morreu a gente teve que sair e pagar aluguel, foi a partir daí que eu vim para o semáforo…”

Grávida ainda adolescente, ela nunca chegou a ter experiência profissional. Restaram poucas alternativas. Por dia, conta que ganha cerca de 30 a 50 reais. O companheiro vende salgados mas ganha menos ainda. “Ontem ele ganhou R$ 18. Por isso que eu ainda não sai da rua…”

Princesa por um dia

Nesta quinta, dia 11, em que deu entrevista para o Jornal de Itu, ela também teve destaque nas redes: Tamara Garcia, dona de um salão de beleza, a levou para um dia de princesa. A transformação você pode conferir aqui.

Ela também foi “descoberta” por um influencer que fez vários vídeos com ela e a ajudou com doações. Foi ele que fez para um Instagram, onde tem o link para uma vaquinha on line.

“Ontem alguém doou R$ 50”, conta, com brilho nos olhos. Neste sábado o valor chegava a R$ 710. O objetivo ela diz, é comprar um lugarzinho para ficar. Siga aqui para ajudar, para uma palavra de apoio, para lembrar à Bárbara que ela é… Bárbara!

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