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Jaqueline, Célia e Tereza: exemplos do fazer que impacta o mundo

Jaqueline Ortolan Arraval, 51 anos, quando adolescente começou a trabalhar na Varig. Ali, começou a frequentar o mundo dos voos. Sem pretensão de ter suas próprias asas, tirou o primeiro documento que lhe permitiria ir onde, até então, apenas os homens haviam ido: tirou o documento de piloto privado.

“Me apaixonei, e tirei o de piloto comercial. E conheci uma outra moça, a Andréia, que até hoje é minha melhor amiga, que ela estava fazendo horas de voos em Imperatriz, no Maranhão e eu pedi para ir fazer também. Eu não tinha dinheiro, vendi um Escort que eu tinha e dava aulas no Aeroclube da cidade de então eu não pagava pela moradia. E com o valor reservado eu pagava as horas de voo”, relembra ela.

Ela lembra que Edson Lobão comprou um jato, e esses aviões tem que fazer check-in  pra voar, e eu pedi. E daí foi contratada para comandar este avião, fazendo Maranhão e Brasília. Mas seu grande objetivo foi conquistado quando veio para São Paulo, trabalhar na Taxi Aéreo Piracicaba. “Foram os melhores momentos da minha vida, pois me ajudaram muito, eu fazia free-lancer e viajava com muitos artistas”.

Foi ai que ela pegou muita experiência, e depois foi para a Tam, hoje Latam. Começou com um monomotor e depois foi para o Airbus 330, fazendo internacional. E hoje é comandante do Boeing 767, e voa o mundo inteiro. “Não são tudo flores, mas sou muito feliz…”

Ela disse que já foi confrontada, mas levou tudo na boa. “Você a pessoa querendo te testar: vamos ver se ela sabe mesmo, mas eu ignorei e ignoro”, diz ela, que até hoje convive com poucas mulheres na área em que atua.

Ela ficou grávida de gêmeos em 2003 em um período em que havia assumido como comandante, e lembra que conciliar tudo foi difícil. “Só foi possível, pois meu marido é da terra”, brinca. “Ele assumiu até hoje ser pai e mãe nas minhas ausências, e também tive boas babás, sou muito grata”.

Hoje os filhos tem 14 anos, e ela lembra que já chorou muito em hotéis, com saudades de casa, situada em Itu. Atualmente, marido e filhos estão passando um tempo em Orlando, mas a cidade ainda tem a residência da família.

 

Se Jaqueline desafia o ar no comando de sua aeronave, Célia Trettel rompe o ar com sua música. E assim como Jaqueline, não vá falar de machismo. Ela não viu, não sabe, nunca percebeu. Está ocupada vivendo entre seus instrumentos, seus livros, suas obras plásticas, suas aulas.

A musicista e professora, hoje com 61 anos, lembra que realizou seu grande sonho aos 35 anos, quando teve seu único filho, Gabriel Trettel, hoje trombonista na Orquestra Jovem do Estado. Nunca se casou, e conquistou tudo sozinha. “Nunca senti machismo, mas me lembro de uma situação quando fui financiar minha casa e estranharam de eu não ter um marido, mas foi apenas isso”, lembra ela.

Ela é regente da Orquestra de Violas Caipira, faz parte do Quarteto Tristão Junior, em homenagem ao músico ituano,  e leciona há mais de 40 anos no Conservatório Musical de Salto. Atualmente, para sorte da criançada, ainda leciona artes e música na rede pública de ensino de Itu.

Ela conta que ensaia sempre que pode, nos intervalos das preparações das aulas. E quando abraça seu violão ou sua viola ela se agiganta justamente pela sua simplicidade. E ainda faz um trabalho de artes plásticas com pedras de varvito.

Sua trajetória na música começou de forma despretensiosa: um irmão queria tocar violão, o pai trouxe o instrumento e ela foi para as aulas, e já nas primeiras aulas Rose Espinhoso já se apaixonou e sua dedicação e talento chamou a atenção das professoras, dentre elas Zélia Mendes Pereira, que havia sido aluna de Villas Lobos no Conservatório do Rio de Janeiro.

Ela depois foi para a Conservatório de Tatuí, onde se formou em violão, e depois ainda se formou em Educação Artística – Música e Pedagogia. E até hoje ainda estuda, indo para São Paulo ter aulas com outros músicos. “Tem sempre coisas novas, precisamos nos atualizar…”

Se as mãos de Célia embelezam a vida tocando as cordas, as mãos de Tereza Ribeiro, 57 anos, impactam o mundo de forma tão bela quanto: fazendo crochê. Mais exatamente polvinhos de crochê. Em 2015, uma sobrinha neta nasceu e resolveu fazer um brinquedinho para ela.

E ao pesquisar descobriu que aquele artesanato era muito usado para crianças no projeto Octo, que confecciona e doa polvos de crochê para bebês prematuros em Unidades de Tratamento Intensivo neonatais..“Tentei uma, duas vezes, e só ficou certo na quarta. Gostei, continuei fazendo e dai me dei conta que deveria fazer algo com eles”, recorda.

Ela começou doando para hospitais de São Paulo que já tinham o projeto, e depois ela deixou os polvinhos de mostra no hospital de Itu, que ainda não tinha o projeto implantado. “Aqui temos 27 leitos de UTI neonatal, referência para 45 cidades da região”, conta. Desde então, o projeto foi implantado, e desde novembro de 2017 Tereza criou um grupo de voluntárias para fazerem os polvinhos, com todas as normas de segurança. Hoje, são 17 mulheres que se reúnem para auxiliar bebes que nem conhecem, mas na vida dos qual irão impactar.

Elas sem encontram semanalmente, toda terça-feira, na Rua Pernambuco 792-Bairro Brasil das 14 às 17hs. E como a maioria dos voluntários, ela ressalta que a maior beneficiada é ela própria.

 

 

 

 

 

Fonte

O post “Jaqueline, Célia e Tereza: exemplos do fazer que impacta o mundo” foi publicado em March 8, 2020 e pode ser visto originalmente diretamente na fonte Jornal de Itu

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