Local possui uma diversidade de plantas, flores, árvores e animais, inclusive, espécies ameaçadas de extinção
Se tem uma coisa que a Estrada Parque-APA Itu RioTietê possui é uma beleza exuberante e é um dos poucos lugares onde a natureza recebe seus visitantes de braços abertos.
Em todo o seu trajeto existe uma rica biodiversidade composta por espécies de fauna e flora que só a Mata Atlântica pode oferecer e é um convite irrecusável por aqueles que amam estar perto da natureza.
“A Estrada Parque reúne uma infinidade de espécies de plantas, aves, anfíbios, repteis e é uma floresta extremamente importante para a manutenção do ciclo hidrológico, do microclima, para garantia de água nas nascentes e para a recarga de aquíferos que abastecem as águas subterrâneas”, disse a diretora de políticas públicas da SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro.
Ainda segundo Malu, nos anos de 1993 a 1995, a SOS Mata Atlântica fez um levantamento sobre as áreas consideradas zonas quentes, aquelas que reúnem uma enorme riqueza de biodiversidade que estão ameaçadas por pressão da urbanização, do desmatamento e da poluição, e que tinham remanescentes florestais do bioma da Mata Atlântica. “E o resultado foi que existem espécies endêmicas, uma paisagem única e extremamente ameaçada e abandonada”, afirma.

Para ela, a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) Itu RioTietê, em 1996, pelo Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Condema) durante a gestão do ex-prefeito de Itu, Lázaro Piunti, foi de extrema importância para a conservação e a preservação da Estrada Parque.
Piunti conta que o Condema foi criado em seu segundo mandato de 1983 a 1988 e foi o segundo Conselho voltado ao Meio Ambiente criado no Estado de São Paulo, sendo que o primeiro foi em Campinas. “Nesse período desenvolvemos diversos trabalhos relacionados ao meio ambiente e o Condema foi uma esteira para pensar em fazer alguma coisa na Estrada Parque”, conta.
Área Protegida
Malu explica que a Estrada Parque -APA Itu Rio Tietê tem 4.600 ou 4.580 hectares de áreas protegidas divididas em três categorias diferentes de zoneamento: o primeiro é de maior rigor e proteção integral. “É o trecho da calha do Rio Tiete, que é a área de preservação permanente e que reúne grutas, espécies endêmicas do bioma, Mata Atlântica, além das árvores gigantes como os Jequitibás Rosa, entre tantas espécies de fauna e flora extremamente importantes”.
Na segunda faixa estão as fazendas rurais que tem vocação de turismo rural ou de atividade agrícola. E a terceira categoria está a zona urbana ou em processo de urbanização na outra vertente do Rio Tietê onde se encontra o condomínio Campos de Santo Antônio ou em bairros na cidade de Cabreúva.
A APA Itu Rio Tietê é considerada área de preservação ambiental por reunir floresta da Mata Atlântica e formas de vegetação natural, cursos d’água e formações geológicas únicas compostas por morrotes graníticos denominados Matacões, além de edificações de rico valor arquitetônico, histórico, cultural, artístico e turístico.
E não à toa, foi a primeira Rodovia pavimentada a receber a nomenclatura Estrada Parque, em 1996, por ser um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica do interior de São Paulo. A nome foi fundamentado no trinômio conservação, lazer e ecoturismo.
“Nós classificamos esse conceito de Estrada Parque como sendo um museu permanente de percurso que sensibiliza os seus usuários para a conservação da natureza e esse foi o papel da SOS, reunir os especialistas e profissionais para conseguir a implantação da nomenclatura”, conta Malu.

Biodiversidade
Uma das riquezas do local é a árvore Jequitibá Rosa, que é o gigante da Mata Atlântica, e que está ameaçada de extinção e só é encontrada nessa região, e não por acaso é o símbolo da estrada. Relatos dizem que aos seus pés, Whashington Luis e sua comitiva fizeram um piquenique, há 100 anos.
O jequitibá rosa é uma árvore símbolo do Estado de São Paulo e por seu porte majestoso foi escolhida como árvore símbolo da fraternidade nacional e está inserida no emblema do Partido Republicano Paulista na Histórica Convenção Republicana de Itu, ocorrida em 1973.
A Estrada Parque possui duas árvores desta espécie e são imunes ao corte, segundo decreto municipal. Uma delas, de acordo com Malu, possui mais de 500 anos. “Cortar uma árvore dessa é considerado crime ambiental por ser uma espécie ameaçada de extinção. Se cortada, só veremos outra dessa exuberância daqui 100 anos”, disse.
Além do jequitibá rosa, animais em perigo de extinção também são encontrados ao longo da Estrada Parque como sussuarana e a jaguatirica. “Também podemos avistar espécies de macacos como o bugio e os micos”, disse Malu.
De acordo com o Grupo Eco & Eco, responsável pelos trabalhos de diagnósticos e análise de viabilidade técnica e econômica para a revitalização da Estrada Parque-APA Tietê, apesar de sua fragmentação florestal, a APA tem condições para a formação de corredores ecológicos, que aumentariam a migração de espécies e, assim, garantiriam a manutenção de habitats para a fauna, além de conservar a flora da região.
O Grupo ainda afirma que na área da estrada são encontradas aproximadamente 250 espécies de aves, entre elas 14 que estão ameaçadas em algum grau de extinção, como a arara-canindé (foto), o azulão e a graúna.

De acordo com um estudo realizado pela Universidade Braz Cubas, de Mogi das Cruzes, há 61 espécies de peixes endêmicos no Rio Tietê, principalmente os ornamentais. “Infelizmente a poluição da nossa região impede que essas espécies sejam mantidas vivas. O barramento com represas, hidroelétricas e toda intervenção que é feita no rio, ameaça essas espécies que são extremamente importantes”, lamenta a diretora de políticas públicas da SOS Mata Atlântica. “Poucos ainda resistem nos trechos de corredeira do Rio Tietê onde há oxigenação”, explica.
Porém, também comemora como a vida vem retornando ao redor do Rio. “Constatamos o aparecimento dos ratões do banhado que se alimentam de peixes e do lagarto teiu. É a vida voltando aos poucos”, finaliza.
(Texto: Denise Katahira Fotos: Carol Rivieri )
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Publicado em May 6, 2022.
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